Franklin Martins
estréia a série Presidentes Africanos nesta quarta-feira (25/9), às 18h30, no
canal Discovery Civilization
"Você vai
conhecer uma nova África que está surgindo", diz o jornalista
Franklin Martins no episódio de abertura da série "Presidentes
Africanos" que o canal Discovery Civilization começa a exibir nesta
quarta-feira, às 18h30. A frase dá o tom dos 15 programas em que Franklin entrevista
chefes de Estado e traça perfis de 13 países africanos para lançar uma visão
abrangente e pouco usual sobre o continente.
As conhecidas imagens e informações
sobre a miséria, instabilidade política, gargalos econômicos, carências
educacionais e demais problemas sociais que há séculos afligem o povo africano
estão todas lá mas o foco principal dos programas, na verdade
mini-documentários, é o surgimento de uma nova África que nos últimos 10 ou 15
anos tem deixado para trás os estereótipos negativos.
"O Brasil tradicionalmente olha
mais para a Europa e os EUA. Isso tem mudado, mas ainda temos um
desconhecimento monumental sobre a África", disse Frankin ao iG.
A visão otimista sobre o processo
pelo qual o continente atravessa hoje é calcada em dados expostos logo no
primeiro episódio. Dez das 15 economias que mais se desenvolveram nos últimos
anos em todo o mundo estão na África. Alguns países como Angola tem crescido
num ritmo de 11% ao ano enquanto Europa e EUA não chegam a 2%. Em 2012, 17 dos
55 países africanos realizaram eleições livres. Cerca de 300 milhões de
africanos pertencem à classe média. A grande maioria dos habitantes, cerca de 1
bilhão, vive em áreas de estabilidade política enquanto a minoria,
aproximadamente 100 milhões, ainda está sob o risco de conflitos armados e
guerras civis.
"É lógico que é preciso
trabalhar pelo aperfeiçoamento destas democracias, mas a África não é um
continente de ditaduras", disse Franklin.
Franklin Martins: "Você vai conhecer uma nova África que está
surgindo"
O momento experimentado hoje no
continente fica expresso em uma frase do historiador e sociólogo Carlos Lopes,
secretário executivo da Comissão Econômica para a África da ONU. "Estamos
no melhor momento de sempre. Passamos do afro-pessimismo não só para o
afro-otimismo como também para o afro-entusiasmo."
Para traçar o perfil desta nova
África, Franklin entrevistou especialistas da área acadêmica, representantes de
organismos internacionais, pessoas do povo e políticos de diversas vertentes,
além de fazer uma vasta pesquisa de arquivo que ajuda a situar o telespectador
no contexto histórico de cada país e do continente.
Algumas imagens são impressionantes,
como as de colonialistas belgas cortando as mãos de nativos nas aldeias que não
cumpriam as metas de produção de borracha no final do século 19 - que ilustram
o horror do período colonial - ou dos líderes rebeldes em Angola e Moçambique
anunciando diante das câmeras de TV a independência de seus países, na década
de 1970, que dão a ideia clara do quanto são recentes as democracias africanas.
A cereja do bolo, no entanto, é a
série de entrevistas com 13 chefes de Estado africanos - na verdade 12, pois o
egípcio Mohamad Mursi renunciou durante a produção da série. Alguns deles, como
Joseph Kabila, da República Democrática do Congo, não falavam com a imprensa
ocidental há mais de cinco anos.
As entrevistas trazem revelações
relevantes. O presidente de Angola, José Eduardo Santos, no cargo desde 1979,
admite a Franklin a possibilidade de finalmente deixar o poder. Questionado
sobre a longevidade de seu mandato, Santos diz: "Acho que é muito tempo,
até demasiado, mas temos de ver as razões de natureza conjuntural. Foram 40 anos
de guerra (terminada em 2002). Daqui para a frente as coisas vão mudar".
"Imagino que essa revelação terá
um peso em Angola", disse o autor da entrevista.
Além de jornalista experiente, com
passagem pelas principais redações do País, Franklin é também personagem da
história desde a luta contra a ditadura nos anos 60 até assumir o ministério
das Comunicações no segundo governo Lula - de quem ainda é um dos mais próximos
interlocutores. Na condição de ministro, experimentou pessoalmente o processo
de aproximação com a África que marcou a política externa dos governos
petistas.
A experiência permeia a série no
sentido de reforçar esta aproximação. "O Rio de Janeiro está a oito horas
de vôo de Luanda (Angola). São Paulo a nove horas de Johanesburgo (África do
Sul). O Brasil está mais perto da África do que da Europa e dos EUA. O que nos
separa é a falta de informação e o preconceito", diz Franklin no primeiro
episódio.
E embora a série tenha sido feita
também para consumo externo (o Discovery comprou os direitos para exibição na
América Latina, um canal a cabo sulafricano já transmite em todo o continente e
a produtora negocia a venda para Europa e EUA), os programas destacam as
ligações históricas entre Brasil e África, que podem ser resumidas em dois
dados: dos mais de 11 milhões de africanos escravizados e deportados para as
Américas, a imensa maioria, 4,8 milhões, veio para o Brasil. No mesmo período,
apenas 600 mil portugueses e europeus desembarcaram em terras brasileiras.
"Na infância costumava passar
férias em um lugar onde tinha muitas congadas e outras coisas da cultura
africana. Agora, visitando aqueles países, eu olhava as pessoas nas ruas e elas
eram iguaizinhas àquelas com quem vivi. Me senti em casa. Vi muitas coisas do
Brasil lá. Foi uma experiência profissional e pessoal extraordinária",
disse Franklin ao iG. "Somos o que somos por causa da África." Fonte: IG // BUREAU POLCOMUNE
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