quarta-feira, 25 de setembro de 2013


Franklin Martins estréia a série Presidentes Africanos nesta quarta-feira (25/9), às 18h30, no canal Discovery Civilization
"Você vai conhecer uma nova África que está surgindo", diz o jornalista Franklin Martins no episódio de abertura da série "Presidentes Africanos" que o canal Discovery Civilization começa a exibir nesta quarta-feira, às 18h30. A frase dá o tom dos 15 programas em que Franklin entrevista chefes de Estado e traça perfis de 13 países africanos para lançar uma visão abrangente e pouco usual sobre o continente.
As conhecidas imagens e informações sobre a miséria, instabilidade política, gargalos econômicos, carências educacionais e demais problemas sociais que há séculos afligem o povo africano estão todas lá mas o foco principal dos programas, na verdade mini-documentários, é o surgimento de uma nova África que nos últimos 10 ou 15 anos tem deixado para trás os estereótipos negativos.
"O Brasil tradicionalmente olha mais para a Europa e os EUA. Isso tem mudado, mas ainda temos um desconhecimento monumental sobre a África", disse Frankin ao iG.
A visão otimista sobre o processo pelo qual o continente atravessa hoje é calcada em dados expostos logo no primeiro episódio. Dez das 15 economias que mais se desenvolveram nos últimos anos em todo o mundo estão na África. Alguns países como Angola tem crescido num ritmo de 11% ao ano enquanto Europa e EUA não chegam a 2%. Em 2012, 17 dos 55 países africanos realizaram eleições livres. Cerca de 300 milhões de africanos pertencem à classe média. A grande maioria dos habitantes, cerca de 1 bilhão, vive em áreas de estabilidade política enquanto a minoria, aproximadamente 100 milhões, ainda está sob o risco de conflitos armados e guerras civis.

"É lógico que é preciso trabalhar pelo aperfeiçoamento destas democracias, mas a África não é um continente de ditaduras", disse Franklin.
Franklin Martins: "Você vai conhecer uma nova África que está surgindo"
O momento experimentado hoje no continente fica expresso em uma frase do historiador e sociólogo Carlos Lopes, secretário executivo da Comissão Econômica para a África da ONU. "Estamos no melhor momento de sempre. Passamos do afro-pessimismo não só para o afro-otimismo como também para o afro-entusiasmo."
Para traçar o perfil desta nova África, Franklin entrevistou especialistas da área acadêmica, representantes de organismos internacionais, pessoas do povo e políticos de diversas vertentes, além de fazer uma vasta pesquisa de arquivo que ajuda a situar o telespectador no contexto histórico de cada país e do continente.
Algumas imagens são impressionantes, como as de colonialistas belgas cortando as mãos de nativos nas aldeias que não cumpriam as metas de produção de borracha no final do século 19 - que ilustram o horror do período colonial - ou dos líderes rebeldes em Angola e Moçambique anunciando diante das câmeras de TV a independência de seus países, na década de 1970, que dão a ideia clara do quanto são recentes as democracias africanas.
A cereja do bolo, no entanto, é a série de entrevistas com 13 chefes de Estado africanos - na verdade 12, pois o egípcio Mohamad Mursi renunciou durante a produção da série. Alguns deles, como Joseph Kabila, da República Democrática do Congo, não falavam com a imprensa ocidental há mais de cinco anos.
As entrevistas trazem revelações relevantes. O presidente de Angola, José Eduardo Santos, no cargo desde 1979, admite a Franklin a possibilidade de finalmente deixar o poder. Questionado sobre a longevidade de seu mandato, Santos diz: "Acho que é muito tempo, até demasiado, mas temos de ver as razões de natureza conjuntural. Foram 40 anos de guerra (terminada em 2002). Daqui para a frente as coisas vão mudar".
"Imagino que essa revelação terá um peso em Angola", disse o autor da entrevista.
Além de jornalista experiente, com passagem pelas principais redações do País, Franklin é também personagem da história desde a luta contra a ditadura nos anos 60 até assumir o ministério das Comunicações no segundo governo Lula - de quem ainda é um dos mais próximos interlocutores. Na condição de ministro, experimentou pessoalmente o processo de aproximação com a África que marcou a política externa dos governos petistas.
A experiência permeia a série no sentido de reforçar esta aproximação. "O Rio de Janeiro está a oito horas de vôo de Luanda (Angola). São Paulo a nove horas de Johanesburgo (África do Sul). O Brasil está mais perto da África do que da Europa e dos EUA. O que nos separa é a falta de informação e o preconceito", diz Franklin no primeiro episódio.
E embora a série tenha sido feita também para consumo externo (o Discovery comprou os direitos para exibição na América Latina, um canal a cabo sulafricano já transmite em todo o continente e a produtora negocia a venda para Europa e EUA), os programas destacam as ligações históricas entre Brasil e África, que podem ser resumidas em dois dados: dos mais de 11 milhões de africanos escravizados e deportados para as Américas, a imensa maioria, 4,8 milhões, veio para o Brasil. No mesmo período, apenas 600 mil portugueses e europeus desembarcaram em terras brasileiras.
"Na infância costumava passar férias em um lugar onde tinha muitas congadas e outras coisas da cultura africana. Agora, visitando aqueles países, eu olhava as pessoas nas ruas e elas eram iguaizinhas àquelas com quem vivi. Me senti em casa. Vi muitas coisas do Brasil lá. Foi uma experiência profissional e pessoal extraordinária", disse Franklin ao iG. "Somos o que somos por causa da África." Fonte: IG // BUREAU POLCOMUNE

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