quarta-feira, 27 de junho de 2012

Jornalismo colaborativo: imigrantes denunciam assassinatos e agressões e...

AUDIÊNCIA  Câmara Municipal de S. Paulo, Discute assassinato de Angolana



Entrevista com Armindo Laureano,

O homem das tardes da TV Zimbo.
Tive a sorte de cair no gosto dos angolanos”, Armindo Laureano
"Damos a conhecer a realidade do país, a Angola profunda, aquilo que as pessoas sofrem e necessitam"
Veja entrevista completa em - http://brasilangola.com.br/redacao.html

terça-feira, 26 de junho de 2012


Presidente José Eduardo recebeu membros da orquestra sinfônica "Kapossoka"

 A orquestra sinfônica “Kapossoka”, entregou ontem (segunda-feira) ao presidente da República, José Eduardo dos Santos, um diploma conquistado recentemente em Iguazú, Argentina, no Festival Internacional de Orquestras e Coros Infanto-juvenis.
O diretor-geral, Pedro Fançony e quatro integrantes da orquestra foram recebidos pelo Chefe de Estado angolano.
À saída do encontro, o responsável da orquestra, mostrou-se satisfeito por constatar que doravante a escola poderá receber mais apoios de instituições publicas e privadas.
Leia matéria completa em  http://brasilangola.com.br/cultura.html

ÁFRICA A NOVA CONSUMIDORA DE GRIFES.
A riqueza do petróleo africano  tem despertado interesse de grandes grifes para o mercado Africano
Após décadas servindo apenas como fornecedor de matérias-primas como couro de avestruz, diamantes, ouro, platina e bolsas costuradas a mão, a áfrica esta ganhando status de consumidora de artigos de luxo.

Leia matéria completa em - http://www.brasilangola.com.br

CALENDÁRIO CULTURAL AFRO DE JULHO DE 2012

DIA 30/06/2012 às 15H
BATIZADO NO RITO ROMANO INCULTURADO EM ESTILO AFROBRASILEIRO
Realização: Pastoral Afro Achiropita
local: Paróquia de Nossa Senhora Achiropita
Rua 13 de maio nº 478 - Bela Vista - São Paulo

DIA 04
Curso de Numerologia KARMICA
local: São Bernardo do Campo
inscrição: (11) 8513 - 0477   criscurso@gmail.com


DIA 08 às 12H
Almoço dançante – suculenta beiçuda
Realização: Irmandade de São Benedito do Jaçanã
Local: Salão da Paróquia São Luiz Gonzaga
           Rua Michel Ouchana n° 50 – bairro do Jaçanã
Convites – R$ 50,00
Contatos: Sra. Alvarina – 8419-9268
                Sr. Francisco – 7245-5380
DIA 14 às 10H                                                                                    
 I ENSAIO DE CÂNTICOS AFRO-LITÚRGICOS  
 realização: PASTORAL AFROBRASILEIRA - CNBB - SUL 1
 local: CENTRO PASTORAL SÃO JOSÉ DO BELÉM 
Av. Álvaro Ramos nº 366 - distante 300 metros da estação Belém do Metrô 
inscrição: R$ 10,00      e-mail: lopesveralucia@uol.com.br  

DIA 14 às 19H
NOITE DAS PIZZAS
realização: Pastoral Afro Jesus Adolescente
local: Paróquia Jesus Adolescente
         Rua Arquiteto Heitor de Melo nº 97
convites no local

DIA 14
Curso de Magia dos SALMOS
local: Vila Mariana
inscrição: (11) 8513 - 0477
                 criscurso@gmail.com

DE 17 a 28
VII CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAD@RES NEGR@S - COPENE 2012
Tema: Os desafios da luta antirracista no século XXI
Homenagens: Abdias Nascimento, Leia Gonzáles, Vicente Francisco do
                     Espírito Santo (todos in memorian) e Kabengele Munanga
Inscrições: www.abpn.br/copene

DIA 22
VI ENCONTRÃO DA PASTORAL AFRO DA DIOCESE DE SÃO MIGUEL PAULISTA
realização: Grupo de Articulação das Pastorais Afro da Diocese de São Miguel Paulista
local: Paróquia Cristo Ressuscitado
          Av. Campanella nº 871 - Cidade AE Carvalho
contatos: Sra. Simone 8385-0090 & Sra. Isaltina 6942-3383
e-mail:                agentes.pastoral@ig.com.br
inscrição: R$ 5,00 (cinco reais)
programação:
08H - Missa na Comunidade Sagrada Família - Rua Taperassu nº 224 - Artur Alvim.
09H30 - Café da manhã e momento pró-saúde - caminhada até a Paróquia Cristo Ressuscitado;
10H30 - Apresentação
10H45 - palestra: HISTÓRICO DA SAÚDE DO NEGRO NO BRASIL
11H45 - oficina: EU QUERO VIDA, EU QUERO SAMBA
12h - DEBATE
12H30 - Almoço comunitário
13H30 - PATOLOGIAS E CUIDADOS DA SAÚDE DO POVO NEGRO
15H - Intervalo
15H15 - A MEDICINA DOS NOSSOS ANCESTRAIS, UMA MEDICINA ALTERNATIVA
16h - Avaliação e Articulação

DIA 29
ENCONTRO DE FORMAÇÃO DA PASTORAL AFRO DA REGIÃO EPISCOPAL BRASILÂNDIA
realização: Coordenação da Pastoral Afro da Região Episcopal Brasilândia
local: Largo da Matriz da Frequesia do Ó
informações: Sra. Conceição: cap.rosa@hotmail.com // Sr. Edson: edinhogu@hotmail.com //
                    Sr. Sinézio: sinezio.cristiano@hotmail.com




Irmandade religiosa dentro do cenário católico no Brasil

Os europeus, se consideram seres superiores, invasores e usurpadores das terras na África e na América, não se preocuparam em conhecer ou compreender os seres inferiores: povo sem religião, sem lei, sem rei, sem alma. Este tabu vem sendo derrubado pela antropologia atual, através do estudo da étino-história das altas culturas africanas e do oeste americano, só desta maneira, se conhecerá a alma africana e pré-colombiana, abandonando a ideologia e a (h)istória distorcida.
As bulas papais justificam a soberania dos colonizadores em detrimento a liberdade dos nativos nos dois continentes, pois “pretendiam” ter como rebanho da Igreja os povos africanos e do novo mundo. Os colonizadores acreditavam estar cumprindo uma dupla missão, em seu papel de cidadãos honrados: “presentear os monarcas com novos súditos, e, á Igreja, novos fiéis”.
A criação de dioceses no Brasil, durante o período colonial, se dá no séc. XVI em 1551 na Bahia (uma), no séc. XVII (três), igual número no séc. XVIII, e no séc. XIX, nenhuma diocese foi criada. Os espanhóis no mesmo período edificou mais de cem dioceses.
A Igreja no Brasil, jamais desenvolveu uma missão anti-escravatura, sempre foi a grande aliada do regime escravocrata e sua ideologia, ela fez do cristianismo um exercício cínico de corretagem de negros.
A escravidão humana jamais se explica à luz e na perspectiva do evangelho. A Igreja não precisa de defensores, mas de pesquisadores que tragam esta verdade à luz nos dias de hoje com uma analise coerente dos acontecimentos. Não se pode negar a escravização que ocorreu no período colonial e imperial, onde a tolerância de cristãos e das autoridades eclesiásticas foi uma vergonha indiscutível. Membros da Igreja se acomodaram com a insustentável teoria das necessidades econômica da colônia, como se isso justificasse o assalto da dignidade humana. A mensagem cristã tem como germe a libertação do ser humano, portanto não combina com tais atitudes. Mas a Igreja como instituição na sua longa caminhada histórica muitas vezes não soube traduzir a mensagem salvífica em atitudes concretas.
Os negros segundo a Igreja podem ser escravizados por causa do pecado original, alguns teólogos dizem serem descendentes de Caim. Em conseqüência, a cor negra ficou identificada como o sinal da maldição divina, e a escravidão imposta aos negros, como expressão do castigo celeste. Outra versão está contida no texto de Noé e a vinha (Gn 9, 18-27). A Igreja dos negros constituía, na realidade um apêndice da Igreja oficial, onde os negros ocupavam um lugar ínfimo na sua estrutura, decorrente da própria estrutura colonial.
A Igreja carrega até hoje uma história pesada de convivência com a escravidão. Ela não suporta de bom grado o julgamento da história e procura defender-se. Poucos foram os clérigos movidos certamente pela mensagem evangélica que conseguiram fazer algo de eficiente a favor da libertação dos nossos irmãos negros e negras. Nos EUA, foi a Igreja da Reforma que se opôs ao martírio interposto contra os escravizados, e aqui coube aos maçons da geração de Luís Gama, José do Patrocínio, José Bonifácio de Andrade e Silva e Joaquim Nabuco... Isso parece indicar que a fidelidade ao evangelho exige a formação de pequenos grupos, enquanto a “Igreja grande” tem que compactuar com os poderes deste mundo para conseguir sobreviver. Um estudo sobre padres e escravizados enuncia uma ponderação sobre modelos de Igreja, pois, cada modelo eclesial tem sua lógica interna, e a “Igreja grande” prefere a quantidade de seus membros sobre a qualidade, enquanto que os pequenos grupos primam pela exigência da qualidade de seus membros.

Como observamos no mês de calendário de junho/2012, as africanos vivenciam o cristianismo católico desde o seu nascimento, tanto que edificaram a primeira Igreja cristã, e afirmamos que a grande maioria dos escravizados trazidos para esta diáspora forçada, eram católicos, e não necessitavam de nenhuma forma de salvação religiosa, necessitavam sim, de proteção contra as “potencias” européias que ansiavam por riqueza e poder. O mundo parece ter esquecido, que o maior fornecedor de ouro neste planeta até o século XVII foi a Nigéria, e o maior fornecedor de operários ordenados para suprir as necessidades da messe do Senhor atualmente é o continente africano.
Nenhum povo inculto, em estado de selvageria, possuía um IDH superior aos hibéricos.
Em 1552 testemunhamos a ereção da primeira Irmandade dos Homens Pretos no Brasil, trata-se da Irmandade do Rosário dos Escravos de Guiné, acentada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na cidade de Goiânia (Pernambuco), foi o começo da ereção de várias Irmandades dos Homens Pretos Escravos e Forros evento afro-católico que os africanos trouxeram da sua raiz africana que se espalhou nesta país continente, ou seja, não apreenderam as Irmandades no Brasil.
Esta forma de culto se difundiu e ao longo dos tempos foi criando uma característica impar na evangelização, catequese e teologia católica, ao introduzir o quesito cor e inculturação em uma Igreja que se diz romana, que passa a incluir o estilo africano.  1682 – Igreja de N. Sra. do Rosário em Belém/PA e na Igreja de N. Sra. da Conceição da Praia em Salvador/BA; 1708 em São João Del Rei/MG; 1711 na Igreja de N. Sra. do Rosário em São Paulo/SP; 1713 em Cachoeira do Campo/MG e Sabará/MG; 1715 em Ouro Preto/MG; 1728 em Serro/MG; 1754 em Viamão/RS; 1771 em Caicó/RN; 1773 em Mostarda/RS; 1774 em Rio Pardo/RS; 1782 em Paracatu/MG.
Pensar na religiosidade católica presente no Brasil a partir do séc. XVIII, diante da grande quantidade de belas, ricas e suntuosas Igrejas, pode ponderar e, imaginar erroneamente que o responsável por este cenário seja o Estado (padroado) ou a Igreja. Entretanto, estas instituições exerceram papel secundário na relação das práticas religiosas. Leigos desenvolveram uma religiosidade peculiar, denominadas por irmandades e ordens terceiras. Um espaço celebrativo de evangelização que aceitava todos: homens, mulheres, negros, brancos.
A Coroa Portuguesa despreocupada com a religiosidade pouco ou nada fez na construção e ereção de mosteiros e conventos.
Não houve vínculo, ligação entre a instituição (Igreja) e o seguidor devocional dos santos e santas do catolicismo implantado no Brasil. O ponto de referência teológico foi desempenhado pelos santos protetores (padroeiros(as)) escolhidos pelos irmãos de fé. O que se observa é a carência de diretores espirituais, sacerdotes dotados de cristianismo exemplar, disposto ao trabalho comunitário e a evangelização, somado ao diminuto clero para quantidade expressiva de fiéis, e uma Igreja voltada e ancorada nos “poderosos”. Este quadro oferece os meios necessários para florecer e desenvolver uma religiosidade voltada para uma teologia, liturgia e catequese com características totalmente diferenciada do cristianismo católico ocidental e oriental; no Brasil, o advento do cristianismo católico se dá através da devoção dos santos e santas, com destaque para diferentes oragos como: Rosário, Conceição, Carmo, Mercês, Francisco, Gonçalo, Benedito, Elesbão, Aparecida etc.
As irmandades se forjaram em meio à insegurança e instabilidade do meio social. A sociabilidade se transformou em associações leigas que consagravam as imagens padroeiras e a certeza da boa morte, revelando uma fundamental presença social inserida nas práticas religiosas.
Em 1700 havia mais de 40 irmandades espalhadas pela colônia e, estudar este fenômeno religioso do povo negro é essencial para entender e compreender a cultura e a sua base de fé. As Irmandades não encontraram barreiras para se desenvolverem e por esta razão até o início do séc. XX, quando a romanização e medidas preconceituosa obstaram a continuidade dos seus serviços, as Irmandades são vistas como a geradora de um processo teológico que trouxe para o universo colonial a única forma de missionarismo evangelizador. Sua contribuição, infelizmente, podemos afirmar, não igualou as considerações culturais e sociais entre brancos e negros, mesmo porque a igualdade perante Deus não se estendia à vida terrena, apesar de todo avanço cristão conseguido com esta pratica religiosa.
Destarte a liberdade oferecida por parte dos portugueses, ao se criar novas Irmandades, a Corte eximia-se da obrigatoriedade advinda do Padroado na criação, ereção e manutenção de Igrejas. As maravilhosas Igrejas mineiras, por exemplo, que enchem nossos olhos por seu contributo ao belo e ao sagrado, foram construídas, mantidas e custeadas pelas Irmandades coloniais mineiras.
As Irmandades dos negros adquiriram o direito de resgatar os escravizados, e concitou-se Nossa Senhora das Mercês, como redentora dos cativos. Foram nestas agremiações que a religiosidade do africano se juntou e se fundiu com a do colonizador, que se sobressaiu à religião de matriz africana, porém, não a substituiu, pois a culto aos Orixás, não esta afinada com o poder ditatorial dos senhores e da Igreja. É o culto da resistência, é a Religião que não abriga o “senhor”.
A Irmandade representa a Igreja dos afrodescendentes, trazidos forçados em uma diáspora intercontinental para serem escravizados, espoliados e transformados aos olhos do colonizador em coisas sem alma e sem nenhuma forma de direito. O culto aos santos existiu e continua a ser cultuado face um descalabro do saber teológico, da mesma forma que se beija a mão após o sinal da cruz. Nesta fase colonial, o Pai Criador está muito longe “lá no céu”, e se assemelha ao “todo poderoso senhor” do engenho, “senhor dos escravizados”, “senhor de todo vivente nesta colônia”, que tudo faz, pode e manda. Esta dicotomia leva os escravizados e todos os pobres a buscarem nos santos a benfazeja intercessão na busca de purgar seus males, suas chagas, seus pecados, e, assim conquistar a redenção.
Quanto aos clérigos, eles simbolizam o poder, pois estão ao lado do poder, sendo um dos braços que sustenta o sistema colonial e o Padroado, e também se sobressai como possuidor de negros escravizados...
A Irmandade adquiriu no Brasil a base de sustentação e a única forma de encontro do leigo com a Igreja, com a Divindade, uma vez que os poucos padres que por aqui aportavam, estavam ligados diretamente ao “senhor”, ao todo poderoso escravagista, que no auge da sua ignorância, tudo podia, era dotado de poder de vida e de morte. Como a Igreja participava deste banquete, Deus, que também tem o poder de vida e morte, servia de conflito entre as pessoas de boa vontade, que não diferenciavam o Senhor da Vida, do “senhor” dos escravizados. Diante desta teologia, a pratica religiosa torna-se dependente de uma divindade de ligação entre o céu e a terra, uma força emergente que fará a ligação entre os sofredores e a Trindade Divina (Pai-nosso que estás no céu... bem lá no céu, lá no alto) e busca-se então um intermediário, um mediador, um padroeiro. E assim dá-se início a devoção dos santos. E as Irmandades retratam, vivenciam, possibilitam e desenvolve de forma inculturada no estilo africano esta forma de devoção, por não necessitar do concurso do clero para expressar a sua religiosidade, que vai do folguedo a oração, desfiando as contas do rosário.
Em razão do diminuto, frágil, pecaminoso, e até mesmo descrente clero, as Irmandades tornaram-se a base de toda uma catequese e evangelização do povo brasileiro. O africano trouxe este saber da África e aqui continuou a desenvolver a sua formação comunitária e forma básica de amor e temor ao Deus da Vida.