quinta-feira, 1 de março de 2012

Kuduro de Rua - Squadra Azurra a xtragar a Boop Luxus

Kuduro de Rua - Squadra Azurra a xtragar a Boop Luxus

"Circuito Internacional do Afro-Negócio no setor de beleza será lançado na Hair Brasil "

No dia 26 de Março a Hair Brasil será palco do lançamento do Circuito Internacional do Afro-Negócio, na área de beleza e cosméticos envolvendo os países do Continente Africano, Estados Unidos e França.
Este programa surgiu após a inclusão do Ministério do Trabalho da titulação" cabeleireiro afro-étnico" na Classificação Brasileira de Ocupação conquista da Associação Nacional do Turismo Afro Brasileiro que estará expondo na Hair Brasil apresentando o cronograma dos Workshops de Especialização Capilar  sob a coordenação de Lya Silva (Harstylle do Centro de Qualificação Profissional da Etnic Hair Beauty) que estarão acontecendo em todo o país com a participação de representantes empresarias das nações que integram o circuito.
Outra meta da coordenação do circuito é ser a referência para viabilizar o acesso das empresas brasileiras do setor junto a representantes comerciais, distribuidores e importadores que se interessem em trabalhar com produtos brasileiros.
Como atrativo do lançamento do circuito Internacional do Afro Negócio na Hair Brasil estará acontecendo o desfileETNIAS BRASIL, com a participação do Presidente da ANTAB e da Câmara de Relações Comerciais e do Turismo Brasil-África senhor Francisco Henrique Silvino e de representantes de entidades representativas comerciais de Angola

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Impacta Tecnologia entra em Angola



“ Angola é um dos países do continente africano que mais crecem”, Lembra Neander Souza, Executivo de Expansão do Grupo Impacta.
O grupo educacional Impacta Tecnologia, presente há mais de 20 anos no mercado de capacitação profissional em TI, deu os primeiros passos para a expansão da marca no exterior. Neste mês, foram fechados dois contratos de licenciamento com o grupo MWYNY, em Angola, e com a Universidad San Ignacio de Loyola- USIL, no Peru.
De acordo com Neander Souza, executivo de expansão do grupo Impacta, a escolha dos países foi estratégica. “Angola é um dos países do continente africano que mais crescem, além de sua economia estar bastante acelerada, o que provoca o crescimento das tecnologias e, conseqüentemente, a necessidade de novos profissionais que atendam às exigências do segmento. O Peru também vivencia grandes taxas de crescimento e possui alta demanda por treinamento em TI”, afirma o executivo.
O know how do grupo Impacta passa a ser fornecido aos estudantes angolanos e peruanos já em março, por meio do portfólio de Treinamentos, Graduação, Pós Graduação e MBA. Para assegurar o padrão de ensino do grupo Impacta, alguns profissionais brasileiros estarão in loco, auxiliando o início das atividades em cada país.
“Estamos focados em alcançar o reconhecimento global da nossa marca, já tão consolidada no segmento de educação em TI brasileiro. Novas negociações já estão andando na Espanha, Portugal, EUA, Colômbia e Argentina”, completa o executivo.
No Brasil, o programa de licenciamento do grupo tem expectativa de até o final de 2012 contar com 60 licenciados e mãos de 20 mil alunos.

EMPRESARIOS ARGENTINOS NA CORRIDA A ANGOLA

Embaixador da Argentina em Angola,
 Ricardo Roggero
A visita do ministro dos Negócios e Estrangeiros da Argentina, Héctor Timerman, a Angola esta agendada para a próxima semana.
Representantes de 300 empresas argentinas de vários ramos de atividade vão participar, nos dias 6 e 7 de Março, numa "bolsa de negócios multi-setorial Angola/Argentina", a realizar em Luanda, por ocasião da visita a Angola do ministro dos Negócios Estrangeiros argentino, Héctor Timerman.
O anúncio foi feito, segunda-feira, em Luanda, pelo presidente do conselho de administração da Feira Internacional de Luanda (FIL), Matos Cardoso, durante uma conferência que contou com a presença do embaixador da Argentina em Luanda, Juan Agustin Caballero.
Na Bolsa de Negócios estarão representadas empresas do setores de alimentação, construção civil, indústria, eletricidade, informática, vestuário, saúde, calçado, equipamento agrícola, bebidas,habitação, higiene, transportes, petróleo, agro-pecuária, energia e águas.
“A bolsa de Negócios Multicetorial Angola/Argentina visa a criação de sinergias, o estreitamento dos laços entre os dois países, a troca de experiências e a assinatura de acordos de cooperação econômica”, disse Matos Cardoso, apelando para a participação de empresários angolanos.
A visita do ministro Argentino, Héctor Timerman, a Angola esta agendada para os dias 4 e 5 de março.
Fonte – Angop. 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Acontece, Aconteceu, Acontecendo


LANÇAMENTO DA 11ª Edição da revista
SAMPA – Carnaval & Turismo

A cantora Duda e integrantes da corte carnavalesca de Santo André, no lançamento da 11ª. Edição da revista Sampa-Carnaval & Turismo

Neemias Oliveira, Diretor de Marketing da revista  BRASIL ANGOLA MAGAZINE, entregando ao Rei Momo e a Corte do Carnaval de Santo André a última edição da publicação

Bia e Professor Maurício Waldman ladeando Tatiane Minerato, musa da                                                       Escola de Samba Gaviões da Fiel

José Roberto da Degolação, Izabel Rodrigues, Antonio Lucio, Maurício Waldman  e Bia

"Prêmio Talento"


Nelson Cosme, Embaixador da República de Angola em Brasília – Foto D.R.

Prêmio é Criado pela Embaixada de Angola no Brasil   Os cidadãos angolanos que vivem ou estudam no Brasil vão ser distinguidos pela Embaixada com o “Prêmio Talento”, informou o embaixador da República de Angola no Brasil, Nelson Cosme.

O anúncio foi feito por ocasião de um encontro do embaixador Nelson Cosme com a comunidade angolana residente no Rio de Janeiro.
Na ocasião, o diplomata disse também que a Embaixada está a preparando a emissão de passaportes, no quadro da resolução de questões migratórias e consulares que afetam os cidadãos angolanos na diáspora.
A este propósito, referiu os encontros de delegações de Angola e do Brasil, no final de janeiro passado, que decidiram criar um mecanismo permanente de consultas para dar solução aos diversos problemas que surgem no domínio consular e migratório entre os dois países, particularmente para o caso angolano, a questão da assistência consular aos seus cidadãos retidos nos aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo e nas prisões brasileiras e a questão dos vistos de estudante, entre outras.

CONVITE


A Direção Nacional da Associação Cultural dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil - APNs
tem o prazer de convidar Vossa Senhoria para os Atos de Abertura do Ano Celebrativo dos 30 Anos de Fundação dos APNs
Dia 16 de março de 2012, sexta-feira, às 19:30 horas,
no Museu Afro Brasil.
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - Parque Ibirapuera / Portão 10 São Paulo/SP
Traje: passeio P.M.
Realização:
Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura.

Amor à Arte estreia peça "Colchão"


Estreou nesta semana, na Liga Angolana de Amizade de Solidariedade com os Povos (LAASP), em Luanda, a peça “Colchão”, que retrata o quotidiano luandense.
Escrita por Tony Franpenio, encenador do grupo Enigma Teatro, a peça aborda a problemática da pontualidade nas actividades dos luandenses e também vai ser exibida no dia 28, de acordo com a responsável do Amor à Arte, Marisa Júlio.
“A peça vem mostrar o quão preocupante é o facto dos trabalhadores e indivíduos que celebram diariamente contratos não cumprirem os prazos constantes na lei ou por si acordados, o que cria, muitas vezes, resultados negativos. É também uma chamada de atenção para a sociedade angolana”, asseverou, acrescentando que a peça fala das vantagens da pontualidade.
O elenco é composto por quatro atores, nomeadamente, André Jorge (Santareno - o atrasado), Efigénia da Silva (Madalena - mulher de Santareno), Jaime Cazenza (o polícia) e Bebo Euclides (Minguito - o vizinho).
Integrado por 18 atores e 12 atrizes, o grupo Amor à Arte já apresentou as peças “Bela e o Monstro”, “Escrava da Cama”, “Duas Horas”, “Suave Pecado” e “Cenas Marcantes”. Venceu o prémio de teatro municipal da Samba em 2009 e, ainda neste mesmo ano, ficou em terceiro lugar no Festival Provincial de Teatro de Luanda.

Angola perdeu o homem que deu corpo ao Semba


Mateus Pelé do Zangado

Morreu na semana do carnaval em Luanda, aos 78 anos, Mateus Pelé do Zangado, unanimemente considerado o melhor dançarino de sempre do Semba.
A sua morte foi assinalada com um minuto de silêncio, em sua homenagem, antes do início do desfile do Carnaval de Luanda,  a que se associou o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, presente na Tribuna de Honra dos desfiles e comemorações carnavalescas realizadas na Marginal, acompanhado por alguns dos mais altos magistrados da nação.
Mateus Pelé do Zangado morreu pobre e de doença, muito longe dos tempos áureos do anos 60, 70 e 80, quando encantava a dançar o semba, em especial com o seu par de eleição, a bailarina Joana Pernambuco, por ironia do destino falecida há duas semanas.

Um Super-Ministério de Promoção da Igualdade


Deu na Afropress
José Roberto F. Militão 
A questão da atual fragilidade política da SEPPIR – Secretaria Especial da Presidência de Promoção da igualdade Racial é que sua existência, por natureza, devia ser efêmera: sua criação no início do governo LULA simbolizava a determinação de um novo governo com compromissos populares, sinalizando o rompimento da histórica omissão estatal e determinação do engajamento do governo no combate ao racismo. Tal simbolismo se exauriu no fim do primeiro governo LULA em 2006.
Em razão do nanismo político a disputa pela direção da SEPPIR tem fragmentado ainda mais o já dividido movimento negro retirando-lhe o apoio político aos que são indicados para a condução do órgão. Sucede que desde o segundo mandato de LULA ela deixou de ser uma novidade e não tinha como não tem e não terá condições executivas de políticas públicas diretas. Trata-se de um órgão de consultoria e não de execução de políticas públicas. Enquanto isso a sociedade espera ações e políticas públicas de promoção da igualdade civil.Agora no governo da Presidenta DILMA em que a eficiência de resultados passa a ser condição de prestígio administrativo, tende a perder ainda mais significado político. Na reforma ministerial de 2012 com sua macro visão administrativa a Presidenta pretendia a criação de um Super-Ministério juntando a lógica da luta política contra o racismo, às demais demandas em defesa de garantias da cidadania das mulheres, dos deficientes, dos idosos, dos índios, das crianças e em especial do difuso Direitos Humanos. O movimento negro organizado reagiu na defesa do espaço político segregado e institucional. Um equívoco político.Porém, ainda precisamos dessa evolução: a luta contra o racismo se nos impõe – a todos os brasileiros - como dever ético com as futuras gerações e ela não passa pela destruição de reputações de indivíduos nem pela construção artificial de um estado com direitos raciais, como tem sido feito, em que a raça negra obtenha uma identidade jurídica estatal e se imponham líderes raciais para a equivocada intermediação e obtenção de direitos raciais segregados, como se líderes tribais de uma confederação de nações. A promoção da igualdade frente a discriminações por ser questão de dignidade humana vai além dos bons frutos das políticas universalistas que tem retirado milhões de afro-brasileiros da miséria.Todos nós sabemos que a luta contra o racismo é, essencialmente, a luta pela destruição da crença em raças e na sua implícita e presumida hierarquia. Quem conhece a história sabe que lutamos pela garantia de direitos humanos, pela igualdade de tratamento humano, aquela condição essencial para a dignidade humana, sempre sonegada pela ideologia do racismo. “A estratégia do racismo foi sonegar a nossa inteira humanidade. Não lutamos por integração nem por segregação. Agora lutaremos por nossa condição de humanos. Lutamos por nossos direitos humanos” disse MALCOLM X, pouco antes de ser assassinado ao abandonar a luta racial disposto a fazer a luta social e humanitária. Logo foi executado pela disputa com líderes raciais afro-americanos, que almejavam a segregação de direitos raciais.Cabe, portanto, às lideranças partidárias com a credibilidade da intervenção estatal contra o racismo e conhecimento da máquina federal para levar ao movimento negro o passo seguinte em proposição de ganhos políticos englobando todos os direitos de cidadania sob um só Ministério de PROMOÇÃO DA IGUALDADE (em sua expressão republicana não pode nem deve ser racial) englobando as diversas Secretarias que tratam de Direitos Humanos em seu sentido mais amplo.Enfim, um Ministério de Promoção da Igualdade com poder, orçamento, estrutura, bases políticas e capilaridade social em que cada segmento específico seria uma Secretaria Especial. Tal ministério, contaria com apoio e mobilização de todos os segmentos vítimas históricas de discriminações e passaria a dispor de imensa legitimidade e poder político com milhares de entidades e organizações nascidas das lutas históricas que não seriam cooptáveis, mas capacitadas para canalizar e exigir políticas públicas para as grandes questões nacionais de garantias.O fundamental que interessa a todas as vítimas de discriminações e preconceitos tem a mesma expressão: é a garantia e a promoção da Igualdade exigente de um Ministério forte, com um titular de expressão nacional, digamos um "ADIB JATENE ou um PELÉ dos direitos humanos”, alguém próximo da unanimidade, um FÁBIO COMPARATO, um JOAQUIM BARBOSA, uma LUIZA ERUNDINA, um SEPÚLVEDA PERTENCE etc.. com o estofo suficiente para bater à porta e entrar em qualquer gabinete, desde o da Presidência da República.Assim, o governo federal estará equipado para que se dê a ênfase necessária em políticas transversais de promoção da igualdade nas execuções orçamentárias dos demais ministérios e em especial do Trabalho, Educação, Saúde, Cultura, Esportes, Cidades, Assistência Social, enfim Ministérios que praticam políticas públicas diretas para a população estejam engajados em assegurar a IGUALDADE (humana e não racial) e a promover a DIVERSIDADE (humana e não racial) estimulando os estados e municípios a participarem desse esforço nacional contra as discriminações.Qualquer outra solução, como Ministérios de 3ª categoria, tanto a SEPPIR quanto os demais já não desfrutando da simbologia inicial, alvo de naturais e compreensíveis disputas políticas que divide as próprias bases de apoio e ainda mais as fragilizam, sem recursos, sem estrutura, sem prestígio e sem estatura política para responder à demanda social, servirá apenas como gueto para acomodação de grupos de pressão interna corporis.Nessa disputa fratricida que ora assistimos dentro do movimento negro organizado todos serão derrotados e sucedidos por outros grupos que também fracassarão, pois terão que abandonar a eficácia da luta para acabar com racismo – o compromisso político de governo -, para sempre avivá-lo e radicalizar as manifestações de racistas, auto-justificadoras da própria existência.Na Inglaterra até 2006 existia uma Comissão de Promoção da Igualdade Racial extinta para dar vez a um órgão de promoção e garantias da Igualdade e Direitos Humanos - The Equality and Human Rights Commission - http://www.equalityhumanrights.com/ - o que faz muito mais sentido a quem não queira validar o conceito de raças diferentes. Em 2010 foi aprovada uma nova ´Lei de Igualdade Humana´: http://www.equalityhumanrights.com/advice-and-guidance/new-equality-act-guidance/equality-act-guidance-downloads/. Esse é o conceito de igualdade que devemos perseguir: a igualdade no tratamento, nas oportunidades, na cidadania e na diversidade humana, jamais a falaciosa igualdade ´racial´.Mesmo nos EUA onde o racismo foi ostensivo e estatizado por mais de cem anos com as leis de segregação de direitos em bases raciais com base na doutrina da Suprema Corte de “iguais, mas separados” na luta pelos direitos civis jamais se cogitou de um Ministério para os afro-americanos. O sonho do Dr. LUTHER KING, renovado por OBAMA, é o sonho da igualdade de direitos. As cotas raciais no governo Nixon foi um equívoco de um governo racista.No caso de políticas públicas para uma suposta promoção de igualdade racial sem respaldo em demandas populares, as lideranças e os que venham a exercer os cargos públicos apegam-se cada vez mais na defesa de perigosas políticas de segregação de direitos raciais a fim de obterem uma clientela cativa, renovável e manipulável, mesmo cientes que alimentam ao dragão do antagonismo racial, em que, as vítimas do racismo no futuro serão sempre, infelizmente, os pretos e os pardos mais pobres, mais fragilizados, hipossuficientes, as vítimas preferenciais das discriminações e da violência do racismo com a sonegação da inteira humanidade dos afro-descendentes, a velha estratégia racista, apontada por MALCOLM X.Políticas públicas raciais com segregação de direitos ou de espaços políticos jamais foi o sonho dos afro-americanos no movimento por Direitos Civis, pois dizia o Doutor LUTHER KING em sua extraordinária Carta da Prisão de 1963, com reflexão filosófica para a causa justa que motivava milhões de afro-americanos e que o levou ao cárcere era a busca da igualdade e o combate à segregação, ensinando com base na doutrina cristã de Santo Tomas de Aquino, em síntese: "Uma lei injusta é uma lei humana sem raízes na lei natural e eterna. Toda lei que eleva a personalidade humana é justa. Toda lei que impõe a segregação é injusta porque a segregação deforma a alma e prejudica a personalidade."Onde imperam discriminações o sonho da igualdade – humana, civil e cidadã - é que produzirá lideranças nacionais. OBAMA é prova disso.A manutenção da SEPPIR ou de qualquer espaço segregado nos governos com o mesmo perfil e fragilidade resultará no desgaste inevitável com perda de credibilidade política duramente conquistada pelo ativismo do movimento negro de combate ao racismo, a partir do MNU nos anos 1970, desmitificando o discurso oficial da democracia racial e vitorioso no rompimento da omissão estatal. Então em vez do passo seguinte, o embrião simbólico, será em breve, extinta para alívio de todos, como têm sido extintas em municípios e estados, sem nenhum proveito para o extraordinário simbolismo emprestado por LULA, em 2003: a do engajamento do estado na luta pela destruição do racismo que exige a Promoção da Igualdade (sem adjetivos).José Roberto F. Militão, advogado civilista, ativista contra o racismo.
Secretário de Combate ao Racismo e de Promoção da Igualdade Civil - PSB/São Paulo.

A persistência do racismo


Randall Kennedy


Por Lúcia Guimarães – O Estado de S.Paulo

Randall Kennedy, da Harvard Law School, fala sobre o preconceito na política americana



Em novembro de 2008, quando milhões de americanos se congratulavam, certos de que haviam dado mais um passo para redimir nas urnas seu histórico pecado original – o racismo -, o dono de uma loja de conveniência em Standish, Estado do Maine, pendurou o aviso: “A Loteria Osama Obama de Espingarda”. A aposta custava US$ 1 e o apostador estaria adivinhando quando o recém-eleito Barack Hussein Obama seria assassinado. O subitamente mais ocupado Serviço Secreto registrou a iniciativa do comerciante mentecapto, uma entre as milhares que tornaram o primeiro presidente negro da história americana um dos mais frequentes alvos de complôs assassinos entre os moradores da Casa Branca.
O incidente é lembrado por Randall Kennedy em seu livro The Persistence of the Color Line: Racial Politics and the Obama Presidency (A Persistência da Divisão de Cor, Política Racial e a Presidência Obama, Pantheon Books, US$ 26,95). Kennedy é professor da Harvard Law School e dono de um currículo acadêmico estelar que inclui uma passagem como analista de processos para o lendário Thurgood Marshall, o primeiro juiz negro da Suprema Corte americana.
O livro faz o contraponto da euforia que cercou a eleição de Barack Obama com a realidade ainda enfrentada por mais de 12% da população americana. Um país, onde, diz o professor, a elite branca tem “alergia” a reconhecer a persistência do racismo; onde a população carcerária negra passa de 39%; e a direita se sente à vontade para questionar, do privilégio de um cargo eletivo ou do poleiro de comentarista de TV, a legitimidade do presidente.
“O racismo ainda é relevante”, escreve Randall Kennedy, lembrando que o Senado americano só elegeu três negros em toda sua história – um deles, Barack Obama – e não abriga nenhum senador negro hoje. A eleição de Obama, ele conclui, não inaugurou uma era em que os políticos negros se livraram do peso do racismo: “Apenas demonstrou que a seleção racial não impede em termos absolutos a chance de vitória de um candidato presidencial negro”. Em outras palavras, Obama mudou a história por ser eleito. E, prevê o professor, com uma dose de desapontamento, é por novembro de 2008 que ele deve ser lembrado, mais do que por suas ações de governo.
Apesar da escrita sóbria e da argumentação meticulosa característica do pensamento legal, Kennedy se torna mais enfático na conversa ao vivo, quando fura o balão da narrativa nacional que inclui, a seu ver, ficções como “a era pós-racial”. Leia a seguir, a conversa de Randall Kennedy com o Sabático.
Em 2010, o senhor passou uma semana em São Paulo dando um curso sobre ação afirmativa. Como foi a experiência?
Foi muito interessante. Na turma do curso, a maioria dos estudantes era contra ação afirmativa racial. Aqui nos Estados Unidos é o contrário, os estudantes são, geralmente, a favor. Tivemos uma boa discussão. Foi importante falar com gente que parte de outra perspectiva. Uma coisa que me chamou muita atenção foi o grau em que as pessoas negam o que para mim é óbvio, que há estratificação racial no Brasil.
Na introdução do novo livro o senhor critica a noção de que a eleição de Barack Obama sinalizou o começo de um período pós-racial no país. Esta ideia tem perdido defensores. De onde ela partiu?
Pós-racial é uma variação de outro jargão, color blindness (não enxergar a cor). O que existe é este desejo coletivo de se afastar do passado racista. Muitos americanos querem se libertar deste fardo, do sentimento de culpa. Assim como “color blind” pós-racial é uma formulação para atender a este impulso.
Como é que o país vai daquele momento histórico de aparente cicatrização da ferida racial – a celebração na noite da eleição de 2008, no parque de Chicago – para a virulência de caráter racial contra um ocupante da Casa Branca?

Veja, assim como o Brasil, este país é muito grande. As câmeras estavam todas voltadas para o Grant Park de Chicago. Nem todo mundo celebrou. Havia muita gente triste, inclusive na rede Fox, de Rupert Murdoch. A tristeza se transformou em raiva e ressentimento. A eleição foi mais apertada do que pensávamos. Lembro que Barack Obama não levou a maioria do voto branco, apesar de tantos brancos terem votado nele. Mesmo na fase de maior popularidade na campanha, havia um número razoável de pessoas profundamente opostas a Obama. E, francamente, durante a eleição, uma das coisas que ele teve que superar foi o sentimento entre certos negros de que, se ele chegasse perto da vitória, haveria violência contra ele. Obama e sua família foram bravos e aceitaram isto. Você não ouve falar muito destas ameaças a Obama hoje. Mas o medo de que haveria reação violenta existia. Ninguém deve se surpreender com a violência retórica anti-Obama que vemos hoje. Posso argumentar: diante da nossa história, o que me surpreende são os ataques não serem mais abertos. O que acontece de fato, é a linguagem em código. Por exemplo, a controvérsia dos “birthers”, que questionaram a certidão de nascimento do presidente. O Donald Trump, que pagou investigadores para ir ao Havaí e espalhou que Obama teria tirado notas muito baixas para chegar a Harvard. Este tipo de discurso é obviamente racista.
Se o racismo dirigido contra Obama é tão óbvio, porque não é mais denunciado? A mídia americana é tímida neste aspecto?
Sim, com certeza! Temos um par de razões: a elite branca americana sofre ou de ignorância sobre esta realidade ou simplesmente nega, é uma parte do problema. A outra é que o racismo é estigmatizado. É proibido chamar alguém de racista ou até sugerir, a não ser que a pessoa se identifique, “sou racista”. Um sujeito como o locutor Rush Limbaugh, por exemplo, não vai usar a palavra “nigger”, ele não precisa dela para passar sua mensagem. Ao Obama, resta enfrentar esta negação. Ele não tem como dar nome ao problema. E, mesmo se ele denunciar toda esta linguagem em código, vai ser acusado de paranoico e demagogo. E, assim, ele se cala. Naquele incidente durante o discurso para uma sessão conjunta do Congresso, em setembro de 2009, em que o deputado Joe Wilson gritou “Você mente!”, foi preciso Jimmy Carter, um ex-presidente branco e sulista, para declarar em público que aquilo foi uma explosão de ressentimento racial.
O discurso A More Perfect Union (Uma União Mais Perfeita), feito por Obama durante a controvérsia sobre seu pastor Jeremiah Wright, em 2008, é considerado um ponto alto da oratória presidencial americana e um dos melhores exemplos de discurso racial conciliatório. No livro, o senhor expressa reservas sobre o discurso.

O discurso é brilhante. Mas o seu valor reside em demonstrar a perfeita compreensão de um presidente sobre seu público, o público que ele precisa acalmar. Falo sobretudo da audiência de brancos. Como fazer um discurso sobre a ferida racial completamente despido de acusação? Mas o que Obama não pode dizer é exatamente o que o impediria de se reeleger. O eleitor branco americano não tolera o menor tom de acusação. É como uma alergia que se estende até a uma crítica leve sobre a injustiça racial. Eu quero o Obama reeleito. Eu não quero que ele faça o discurso que falta. Prefiro esperar pelo momento em que alguém na Casa Branca possa quebrar o tabu.
No momento, o apresentador de TV Tavis Smiley e o professor de Princeton Cornel West se uniram nas críticas a Obama por não se concentrar nos problemas que afetam de maneira desproporcional a população negra.
Muito do que eles dizem é verdade. Mas o que os dois não levam em conta é que Obama não é um animador de TV. Não é um acadêmico falando num seminário. Nem é um Martin Luther King. Ele não existe sem votos, não pode ser cândido. A situação me faz lembrar aquele momento do filme Questão de Honra, quando o Jack Nicholson grita para o Tom Cruise: “Você não aguenta a verdade!”.
Como o senhor vê a relação do presidente com os artistas populares negros? A campanha de reeleição está divulgando a lista do iPod dele. Ele gosta muito do Jay Z.

Ele precisa ser cauteloso. Por um lado, quer continuar a cortejar a base negra, os negros americanos são a âncora da coalizão Obama. Ele precisa de mais do que apoio, precisa de entusiasmo. Então, nós temos o Obama citando a história cultural negra e a música do Jay Z. Mas a maioria do eleitorado continua a ser branca. Com o rap, ele tem que tomar cuidado. Em 2008 eu fiquei assustado, quando ele fez um discurso respondendo a críticas da então adversária Hillary Clinton. Ele fez aquele gesto, como quem passa a escova no casaco, era uma referência à gravação de Dirt Off Your Shoulder, do Jay Z. Se você vai ouvir a gravação, ela soa misógina e muito vulgar.
O senhor atribui a Michelle Obama um grande impulso à candidatura entre o eleitorado negro, em 2008. O quanto ela ainda é importante nesta campanha?
Ela foi a grande legitimadora do Obama. No começo, ele era tão desconhecido que muitos nem sabiam que ele era negro. Ele tinha um passado multirracial e exótico. Já a Michelle tem a história familiar. É mais escura do que ele, a família fugiu do racismo no Sul, ela cresceu no bairro negro de Chicago. Mas hoje ele precisa menos desta legitimidade racial. O Obama é o soul brother número um da América.
Muita gente estranhou quando a primeira-dama reagiu ao livro Os Obamas, de Jodi Kantor, um livro lisonjeiro para o casal, com o comentário, “tentam me impingir esta imagem de mulher negra ressentida”.
Foi totalmente impolítico da parte dela. Não entendi mesmo. O Obama jamais diria algo assim.
O senhor explora os significados da primeira eleição de Barack Obama. Qual seria o significado de uma reeleição?
Acredito que ele vai ser reeleito. Mas Obama nunca será tão popular quanto foi na noite da eleição de 2008. E nunca será tão reverenciado como foi no dia da posse. Você só pode eleger o primeiro presidente negro uma vez. Uma reeleição vai ser vista como outro marco. Mas não teremos mais a intensidade simbólica e emocional. O Obama abriu a imaginação de muitas pessoas de cor nos Estados Unidos. O grande legado dele vai ser ter sido eleito. E, ao fim de oito anos, não acho que vai haver nenhuma legislação histórica. Ele está fazendo o que a Hillary Clinton poderia ter feito. O seu grande legado vai ser psicológico, ele mudou a psicologia da América. Reconheço que é uma coisa impressionista e não vai aparecer, quem sabe, antes de 30 anos. A partir de então, acho que vai florescer uma geração política permitida pela aparição do Obama.
THE PERSISTENCE OF THE COLOR LINE: RACIAL POLITICS AND THE OBAMA PRESIDENCY
Autor: Randall Kennedy
Editora: Pantheon (336 págs., US$ 26,95) 

Paulo Henrique pagará R$ 30 mil por ofensa racial a apresentador da Globo




Heraldo e Paulo Henrique Amorim
Paulo Henrique Amorim, da Record, terá de pagar uma indenização de R$ 30 mil por conta de ofensas proferidas em seu blog contra o colega Heraldo Pereira, da Globo.
Os dois apresentadores chegaram a um acordo na conciliação promovida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e acabaram com o imbróglio, que se arrastava desde 2010.
Pelo combinado, Paulo Henrique terá de publicar nos próximos dias uma nota de retratação nos jornais Folha de S.Paulo e "Correio Braziliense".
Ele também terá de fazer uma doação de R$ 30 mil a uma instituição de caridade indicada por Heraldo.
O pagamento será dividido em seis parcelas de R$ 5 mil e começa a ser pago no próximo dia 15.
Por fim, o apresentador do "Domingo Espetacular" terá de retirar a publicação de seu blog e publicar a mesma retratação dos jornais com destaque e por pelo menos 21 meses.
A audiência de conciliação ocorreu no último dia 15.
No texto publicado em seu blog, Paulo Henrique Amorim dizia que Heraldo Pereira fazia bico na Globo e era um "negro de alma branca", além de questionar sua ética e dizer que ele trabalhava para o então presidente do STF, Gilmar Mendes.
Leia a íntegra do texto que deverá ser publicado nos jornais:
"RETRATAÇÃO DE PAULO HENRIQUE AMORIM CONCERNENTE À AÇÃO 2010.01.1.043464-9, que reconhece Heraldo Pereira como jornalista de mérito e ético; que Heraldo Pereira nunca foi empregado de Gilmar Mendes; que apesar de convidado pelo Supremo Tribunal Federal, Heraldo Pereira não aceitou participar do Conselho Estratégico da TV Justiça; que, como repórter, Heraldo Pereira não é e nunca foi submisso a quaisquer autoridades; que o jornalista Heraldo Pereira não faz bico na Globo, mas é empregado de destaque da Rede Globo; que a expressão 'negro de alma branca' foi dita num momento de infelicidade, do qual se retrata, e não quis ofender a moral do jornalista Heraldo Pereira ou atingir a conotação de 'racismo'."