quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FEIRA PRETA -17/18-Dezembro


Feira Preta comemora 10 anos de existência

Centro de Exposições Imigrantes
17 e 18 de Dezembro/2011
  Dez anos de Feira Preta e os números são mesmo para comemorar. A maior feira de cultura negra da América Latina já recebeu mais de 90 mil pessoas, movimentou R$ 2,5 milhões, reuniu 500 expositores e 400 artistas. O evento, que surgiu para fomentar o empreendedorismo étnico e fortalecer a cultura negra no país, acontecerá nos dias 17 e 18 de dezembro/2011, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
Nesse momento, a Feira Preta inicia a captação de recursos, e nesse ano está aprovada na Lei Rouanet no artigo 18, que isenta em 100% as empresas e doadores que queiram contribuir para viabilizar o projeto. Além disso, os doadores poderão doar via Crownfunding, através dos sites Catarse e Benfeitoria.com.
Outra novidade da 10a. edição é que a Feira Preta lançará sua Franquia Social para replicar o evento em outras regiões do Brasil. O Instituto Feira Preta realizará cursos para capacitar empreendedores que queiram levar o formato para outros Estados, tendo a Feira Preta como co-realizador.
Para Adriana Barbosa, idealizadora da Feira Preta, “a décima edição não só reafirmará a importância da cultura negra no país, como também mostrará a força do mercado étnico. Nos tornamos pioneiros num evento exclusivamente criado para o segmento negro, e o que percebemos é que a Feira acompanhou o crescimento da participação do negro na economia brasileira.” Hoje, 53,5% da classe média brasileira é de negros.
A 10ª Feira Cultural Preta contará com shows musicais, mostra de artes plásticas, cinema, dança, teatro, literatura, modas e gastronomia. O evento será uma excelente oportunidade para o público celebrar a riqueza cultural negra, acompanhar novas tendências e fazer suas compras de natal sem se deslocar para outros espaços e regiões.

Costa do Marfim busca experiência em turismo



Delegação Africana é recebida na SETUR- RJ

  Acelerar o desenvolvimento econômico da Costa do Marfim através do turismo. Foi com esta missão que o ministro do Turismo, Ake Atchimon Charles, e sua comitiva, foram recebidos pelo subsecretário de estado de Turismo do Rio de Janeiro, Audir Santana e pelo diretor de Operações da TurisRio (empresa vinculada à Setur), Marco Aurélio Paes. Durante o encontro foram discutidos diversos temas como vôo direto entre o Rio de Janeiro e a Costa do Marfim, qualificação profissional, estrutura hoteleira e atrativos turísticos.
Segundo o ministro Ake Atchimon a Costa do Marfim está saindo de uma grave crise política, econômica e social que assolou o país. Sabendo da importância do turismo como fator de desenvolvimento e do repentino fortalecimento da atividade no Rio de Janeiro, ele decidiu procurar as principais autoridades municipais e estaduais a fim de adquirir conhecimentos, trocar experiências e acertar parcerias para que, em um curto espaço de tempo, seu país possa se reerguer.
Com relação ao vôo direto Rio de Janeiro-Costa do Marfim, o ministro informou que no passado ele era operado pela Varig e que foi cancelado sem esclarecimentos. Segundo dados apresentados o vôo, semanal, costumava estar lotado, o que estimulou os representantes da Setur a buscarem contatos com as companhias aéreas para viabilizar o retorno do vôo.

Ake Atchimon explicou que um grave problema enfrentado pelos dirigentes da Costa do Marfim, para o desenvolvimento do turismo, é a qualificação profissional. Há poucos profissionais preparados para atender de forma adequada os visitantes. O subsecretário Audir Santana explicou que, no Rio de Janeiro, diversas entidades ligadas à formação técnica profissional e ao setor público realizaram cursos, gratuitos ou a baixo custo, voltados exclusivamente para o turismo como, camareira, garçom, recepcionista e barman.
- Esse trabalho, que continua sendo realizado, foi fundamental para que hoje, os empresários do turismo do Estado do Rio de Janeiro, tenham à disposição profissionais habilitados para o trabalho. Um bom atendimento e infraestrutura turística bem planejada são fundamentais para que o turista retorne.
A Costa do Marfim tem 20 milhões de habitantes e uma costa de 550 km. É um país com uma rica hidrografia e clima diversificado nas diferentes regiões. Segundo Ake Atchimon as tradições culturais são muito fortes e despertam a atenção dos turistas que visitam o país
- Acredito que as nossas danças, as festividades que marcam as diferentes fases da vida e as colheitas, além do artesanato e da tecelagem desenvolvido em quase todas as regiões da Costa do Marfim, possam ser um diferencial importante para atrair os visitantes.
Apesar de comumente se usar em português o nome Costa do Marfim, o governo marfinês solicitou à comunidade internacional, em outubro de 1985, que o país seja designado apenas por Côte d'Ivoire. Ao final do encontro foi sugerido pelo diretor de Operações, Marco Aurélio Paes, a assinatura de um protocolo de intenções para que ambas as partes possam formalizar as parcerias.
O ministro Ake Atchimon Charles inaugurou hoje (06/12) a loja do Bureau do Turismo da Costa do Marfin, na Barra da Tijuca.
  Na quinta-feira (8/12), o ministro do Turismo, Gastão Vieira, recebeu em Brasília, o ministro do Turismo da Costa do Marfim, Aké Atchimon Charles e a delegação do país africano, reunindo-se em busca de uma maior integração e cooperação entre os países.
“O turismo no Brasil está em um estágio bastante avançado e nosso interesse é aprender com essa experiência. Ela é fundamental para que a Costa do Marfim desenvolva o setor turístico como força econômica de nosso país”, afirmou o ministro africano. Esta semana, Aké Atchimon Charles foi ao Rio de Janeiro (RJ) para a inauguração de um escritório de seu país voltado para a promoção turística.
O ministro de Turismo da Costa do Marfim elogiou os projetos de promoção do governo brasileiro e dedicou especial interesse em ações de capacitação para seu país. “Temos um déficit nessa área, desde camareiras, atendentes, até taxistas. Com o apoio do Brasil, poderemos criar condições para solucioná-lo”. O ministro brasileiro explicou que o planejamento de qualificação profissional está sendo reorganizado e que o tema tem recebido especial atenção do ministério.
“Com os megaeventos que se aproximam, a prioridade do governo federal é capacitar os trabalhadores do setor. Estamos engajados para que o país receba com qualidade todos os tipos de turistas, os que buscam sol e praia, natureza, aventura e negócios”, afirmou Vieira.
A Costa do Marfim enviará um projeto para o Ministério do Turismo com as ações propostas de cooperação. O objetivo é que seja montada uma delegação brasileira com autoridades públicas e representantes da iniciativa privada para visitar o país e discutir o turismo na Costa do Marfim.
O país africano encontra-se, atualmente, em uma fase de transição, caracterizada pela liberalização da economia e a privatização das empresas públicas. Ela já está trazendo melhorias na produtividade e mais competitividade na economia. O governo engajou-se em uma firme política de investimentos, que atinge, hoje, 16,4 % do Produto Interno Bruto. A infra estrutura moderna já mostra avanços: são três aeroportos internacionais (Abidjan, Bouaké e Yamoussoukro) e dois portos acessíveis a todo tipo de navios (Abidjan e San Pedro).

Governodo Zimbabwe inicia elaboração do projeto da nova Constituição



O governo da República do Zimbabwe iniciou a elaboração de um projeto da nova constituição do país, informou nesta terça-feira (6/12) a imprensa governamental.
"O processo de elaboração do projeto, muito esperado, durará pelo menos de 35 dias”, informou ao diário The Herald, Douglas Mwonzora, um dos co-presidentes de uma comissão parlamentar constitucional cujos trabalhos tiveram inicio segunda-feira.
A adoção de uma nova Constituição figura nos acordos assinados em Setembro de 2008 entre o presidente Robert Mugabe e o primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, colocando fim nas especulações sobre a eclosão de uma guerra civil no país.
Sintonizados políticamente Mugabe e Tsvangirai, querem de comum acordo eleições o mais depressa possível, sem dúvida no próximo ano de 2012, contudo, Tsvangirai insiste primeiro na reforma da constituição.
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  Zimbabwe quer atrair empresas e investimentos brasileiros para o seu território, com oportunidades de negócios naquele país do Continente Africano e está convidando investidores e o empresariado brasileiro para participar da ZIMBABWE INTERNATIONAL TRADE FAIR













ANGOLA NA PAZ



por Antonio Lucio

A Lei Orgânica sobre as eleições gerais no país, mereceu a aprovação unânime dos membros da Assembléia Nacional, depois do partido majoritário e a oposição terem chegado na semana passada a um consenso,  especialmente sobre a questão da composição e função da CNE (Comissão Nacional Eleitoral).
 O diploma legal aprovado pelo parlamento angolano, estabelecendo o funcionamento de uma Comissão Nacional Eleitoral independente do poder político de cada partido, com a responsabilidade de organizar, executar, coordenar e conduzir todo o processo eleitoral, criou um clima de euforia entre a maioria do povo angolano que com a realização da eleição de 2012 e as eleições dos próximos anos espera que o país caminhe cada vez mais célere ao encontro do seu desenvolvimento. 
 As forças políticas se uniram com o espírito patriótico voltado para a permanencia da Paz alcançada através do acordo firmado políticamente em 2002 e os olhos voltados para o fato de que esta nova decisão é um exemplo que a República de Angola passa para os demais países do Continente Africano e para o mundo, de que somente através dp entendimento é que se pode chegar ao estabelecimento de decisões que vão de encontro aos superiores interesses da população, principalmente a PAZ, para que através do trabalho cada um participe do processo de desenvolvimento no país.
  Que o ano de 2012, seja marcado com a realização da eleição presidencial, angolana de forma  democrática, com a participação de todos os partidos políticos que atuam no país e do povo angolano que irá às urnas para escolher o novo dirigente do país.

Moçambique quer África do Sul na chefia da União Africana


“O nosso apoio é incondicional, no âmbito das relações históricas existentes entre nós. Para além disso, no quadro da cooperação entre os membros da SADC, sempre que um membro precisa de apoio, estamos lá para prestar”
Jacob Zuma,  declaração do presidente da Africa do Sul, em Maputo


O governo moçambicano manifestou nesta terça-feira o seu apoio “incondicional” à candidatura da República da África do Sul, à liderança do Comissão da União Africana.

Este apoio foi confirmado em Maputo no decurso das negociações bilaterais que marcam a primeira visita de Estado do Presidente sul africano, Jacob Zuma, a Moçambique.

Com três motivos essenciais, o Ministro dos Negócios estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, justificou o apoio hoje manifestado.

“O nosso apoio é incondicional, no âmbito das relações históricas existentes entre nós. Para além disso, no quadro da cooperação entre os membros da SADC, sempre que um membro precisa de apoio, estamos lá para prestar”, justificou Oldemiro Baloi, Ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
O apoio de Moçambique vai reforçar a candidatura da Ministra da Defesa e Veteranos Militares da África do Sul, Nkosazana Zuma, àquele órgão.
Enquanto recebia apoio de Moçambique, a África do Sul prometeu aumentar o seu apoio ao combate a pirataria marítima no país. Fonte: VOA
13.12.2011


Helio Fernandes relembra o AI-5


Helio Fernandes relembra o AI-5, que passou à História apenas como sigla. Foi tão selvagem, cruel e ditatorial, que não precisava mais nada. 
Esse 13 de dezembro é inesquecível. Não apenas para os atingidos, cassados, presos e desaparecidos, mas também para todo o país. Não começou nesse dia 13, vinha de antes, muito antes, na vontade de alguns, e na execução de alguns outros. E a palavra execução define e desarvora tudo.
Acho, não tenho certeza, que é a primeira vez que escrevo sobre esse “documento único” na História do Brasil, Monarquia ou República. Vou me prender, que palavra, apenas a fatos, nenhuma divagação, análise anterior, suposição ou seja o que for. Aqui, o que aconteceu a partir da divulgação desse Ato Institucional número 5, que como todos sabemos, se transformou histórica e ditatorialmente apenas numa sigla.
Retrocesso no tempo, apenas de uma semana, com duas participações de Djalma Marinho, extraordinária figura. No dia 5 de dezembro de 1968, eleição para presidente da Câmara, Djalma contra Nelson Marchesan, do Rio Grande do Sul, apoiado pela ditadura.
Eu era tão amigo de Djalma que não pude deixar de ir a Brasília. Assisti pessoalmente o massacre do deputado do Rio Grande do Norte. Ele era presidente da Comissão de Constituição e Justiça, que uma semana depois julgaria a licença para processar o jornalista-deputado do MDB, Marcio Moreira Alves.
Trocaram todos os oposicionistas da Comissão, ofereceram a Djalma Marinho não só a vitória para presidente da Câmara, mas o que ele quisesse. Os homens como Djalma jamais querem alguma coisa, resistência é o único objetivo, a recompensa. A obrigação do dever cumprido, sem lamento, ressentimento, aborrecimento, mas também sem dar a impressão de heroísmo.
No dia seguinte vim para o Rio. Tudo o que atingiria a muitos (cassação, prisão, censura, mais perseguição) já acontecera ao repórter há muito tempo. Também não podia fazer nada, a censura era brutal e de corpo presente, existiam quase tantos censores (policiais) quanto repórteres, um clima apavorante.
No dia 12 foi votada a licença para processar o jornalista, apenas um pretexto para ENDURECER o mais possível. Posso dizer com total segurança, não se esperava a derrota do governo ditatorial, a mobilização foi espantosa. Até o senador Daniel Krieger, um homem de sensibilidade, teve que trabalhar pela CASSAÇÃO do deputado. Embora senador e a votação fosse na Câmara, foi requisitadíssimo, principalmente pelo carrasco-mor, o Ministro da Justiça, Gama e Silva.
Queriam terminar tudo no dia 12 mesmo, Costa e Silva estava no Rio, no Laranjeiras, deu ordens ao Chefe da Casa Militar, Jayme Portela, D-U-R-Í-S-S-I-M-O: “Não quero ver ninguém, nem atender telefone”. (Ainda não havia celular, claro).
Costa e Silva ficou no segundo andar, com dois amigos civis, sem cargos no governo. Viu filmes (bangue-bangue, que adorava) até por volta de 3 da manhã. Não dormiu, lógico, quem dormiria com quase todos os oficiais das três Armas contra ele?
Só atendia o general Portela, que lhe dizia invariavelmente: “Gama e Silva precisa falar com o senhor, com urgência”. O presidente desligava, ou dizia: “Amanhã, amanhã resolveremos”. O Ministério da Justiça, ponta de lança dos militares mais ansiosos ou exaltados, não parava de agir, se considerava o mentor de tudo.
No dia seguinte, 13 de dezembro, Costa e Silva determinou ao Chefe da Casa Militar, que convocasse reunião ministerial no próprio Laranjeiras, às 13 horas. Discutiram pouco, não houve debate, todos estavam A FAVOR, mesmo alguns que no passado combateram ditaduras ostensivas ou não.
Costa e Silva, surpreendentemente ou para se vingar, já que sabia que estava praticamente deposto pelo Alto Comando, dizia o nome do Ministro e perguntava: “Como vota o senhor Ministro?”. Só o coronel Passarinho, narcisista e exibicionista, fingiu que pensava, demorou um pouco, e explodiu: “Presidente, VOTO A FAVOR do Ato Institucional, ÀS FAVAS COMO OS ESCRÚPULOS”.
O documento já estava redigido, Costa e Silva assinou tudo, o que fazer? Às 20,30, em cadeia da Agência Nacional, o AI-5 foi lido pelo locutor Alberto Cury, irmão de Jorge Cury e do cantor Ivon Cury. Era o fim de um período, a imposição de um regime que sacrificou a todos, incluindo o próprio presidente. Que não sobreviveu, morreria menos de um ano depois, já fora considerado INCAPACITADO.
Eu estava em casa, naquela época existiam jornais MATUTINOS e VESPERTINOS. Os matutinos saíam entre meia-noite e 1 da madrugada, os vespertinos (Tribuna, Globo, Correio da Noite) começavam a circular ao meio-dia. Trabalhávamos até as 6 da tarde, voltávamos às 6 da manhã, fechávamos, rodávamos e circulávamos, por volta de meio dia.
Ouvi a leitura do documento, comecei a me vestir. Rosinha me perguntou: “Você acabou de chegar, vai sair?”. Abraçando-a carinhosamente (o que até hoje é redundância ou pleonasmo), respondi: “Serei preso imediatamente, prefiro ser preso no jornal. Além do mais, tenho que tomar várias providências.
Já ia saindo, o telefone tocou, Rosinha atendeu, disse: “Helio, é o Carlos Lacerda”. Peguei o telefone, disse: “Você talvez seja a única pessoa que eu atenderia, estou indo para o jornal, no Rio devo ser o primeiro a ser preso, a Tribuna fica a 100 metros da Polícia Central”. O ex-governador, simplesmente: “E eu?”.
Respondi sem qualquer dúvida: “Carlos, você será preso e cassado”. Aí, do outro lado, um rugido e a resposta: “Não vou ser preso nem cassado, você está acostumado a adivinhar e acertar, mas essa você vai errar completamente”. Desliguei, o que fazer?
Cheguei ao jornal por volta das 10 horas da noite. Às 11 horas e quase 45 minutos, fui preso. Levado para a Polícia Central, quando entrava naquele edifício tétrico e assustador, o relógio macabro marcava exatamente meia noite, os dois ponteiros se divertiam. O repórter não demonstrava, mas como em outras oportunidades, assustadíssimo e com medo, mas não deixando ninguém perceber.
Me levaram para o Regimento Caetano de Farias, fiquei satisfeitíssimo: eu não fora o primeiro a ser preso, entrei num matagal sujíssimo (mas enorme, o que era ótimo), de lá do fundo surgiu a figura de Osvaldo Peralva. Grande jornalista, Redator-Chefe (como se chamava na época) do “Correio da Manhã”, intimíssimo amigo, ficamos conversando, não havia onde dormir. Até a manhã do dia seguinte, já 14, não apareceu mais ninguém.
Às 8 horas da manhã, quem chegava, evidentemente preso? Carlos Lacerda. Me abraçou como se não tivéssemos falado na véspera, garantiu: “Está bem, Helio, você acertou pela metade, estou preso mas NÃO SEREI CASSADO.
Respondi sem hostilidade, mas sem mascarar a realidade: “Está certo, trouxeram você para cá, apenas por diversão”.
Fomos todos levados para uma estrebaria (o quartel era um centro hípico), dormíamos no chão, não era o mais importante. Chegaram dois advogados que não conhecíamos. Às duas da tarde, uma festa: a entrada de Mario Lago, que foi preso no Teatro Princesa Isabel. Estava de saiote (fazia um personagem da Escócia), foi logo dizendo: “Aqui só quem me conhece é o Helio e o Carlos Lacerda, estou vestido assim, mas não sou viado”. (Na época era dito assim mesmo).
Eu e Lacerda tivemos momentos ótimos, de recordações, e péssimos, de crítica minha a ele. Lacerda só ficou do dia 14 até 22, eu, Peralva e Mário Lago ficamos até o dia 6 de janeiro, “Dia de Reis”. Os ditadores, geralmente, entre uma tortura e outra, são muito católicos.
Carlos Lacerda mandou um filho falar com o Cardeal (amigo dele), outro conversar com o general Sizeno Sarmento (que fora Secretário de Segurança dele governador), e o terceiro foi a São Paulo ver o que Abreu Sodré, grande amigo dele (e “governador”) podia fazer.
***
PS – Um dia disse a ele, que não gostou: “Carlos, preso não pede nem concede nada. Resiste e pronto”. Passamos Natal e Ano Novo lá, Lacerda não.
PS2 – No dia 30, soubemos, Lacerda foi cassado, nenhuma surpresa, só para ele. No dia 2 de janeiro de 1969, viajou para a Europa, ficaria lá mais ou menos 3 ou 4 anos. Teve a generosidade de ir se despedir de mim e de Mario Lago.
PS3 – Nunca mais participou de nada, voltou em 1973, se enclausurou na Nova Fronteira, editora que adorava. Nunca mais nos vimos. Morreu em 1977, de forma estranhíssima, da mesma morte sem explicação válida que atingiu Juscelino e Jango.
PS4 – Tinha 63 anos. Na prisão, num momento de calma, confessou: “Vou viajar, só volto à política para ser presidente”. Morreu dois anos antes da ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA
PS5 – O país paga até hoje, nunca se reabilitou. Apesar de muitos acreditarem que tudo vai bem, “e que Dona Dilma será a salvação da lavoura”, como se dizia antigamente.”

*  Diretor da TRIBUNA DA IMPRENSA – Rio de Janeiro – RJ 
O comentarista Jose Guilherme Schossland oportunamente nos envia essa pérola, um artigo de Helio Fernandes publicado no ano passado sobre o aniversário do AI-5, que completa hoje 43 anos.

O SAMBA, A COZINHA E A RESISTÊNCIA.



Na sua casa a cozinha é no fundo? Talvez não, mas ainda hoje a maioria das construções residenciais possui a cozinha no fundo, e de forma quase isolada. Pode ser que você não saiba, mas é culpa dos negros, ou melhor, dos brancos. É que estas construções que acomodam a cozinha de uma forma que quem está na sala não têm contato nem visual com quem está na cozinha, são uma herança arquitetônica da época da escravidão.
Mas o fato é que hoje, 02 de Dezembro, é comemorado o Dia Nacional do Samba, e a história do samba, assim como a da cozinha, retrata a resistência de um povo que em muitos lugares ainda entra pela porta dos fundos, quando entra. O samba veio dos batuques, que vieram dos terreiros, que originaram os ritmos e as melodias dos chamados sambas de raiz. Era a forma de o negro falar, de se expressar, demonstrar seus sentimentos e o que lhe ia à alma.
Logo após a patifaria que foi chamada de abolição da escravatura, em um resgate histórico, encontramos letras que prestigiavam a Princesa Isabel, demonstrando claramente a esperança de alguns em um futuro melhor: “Salve a Princesa Isabel, ai que beleza. Nego comia no cocho, agora come na mesa. Já acabou a escravidão, ai que beleza...”
Mas o tempo mostrou que era mesmo uma ilusão, e que a abolição nem de longe deu igualdade aos negros, e logo as letras de samba expressavam isto: “Trabalhar, eu não, eu não. Trabalho e não tenho nada, só tenho calo na mão. O meu patrão ficou rico, e nós ‘fiquemo’ na mão...”
Mas na sociedade da época, assim como na de hoje, quem tem o poder financeiro tem também o poder cultural, e os brancos logo resolveram abraçar o samba. Até aí tudo bem, mas foi exatamente neste momento que começou o tal do “embranquecimento” do samba, numa tentativa descolorada de fazer o samba deixar de ser a expressão dos sentimentos dos negros.
Era a época do rádio e o samba desta forma, cada vez mais difundido, porém, não como um grito de liberdade e revolta contra a opressão, e sim com letras que tentavam oprimir ainda mais os negros, seus inventores. Ocultando o discurso do negro como resistência à sua condição de explorado, o discurso branco ocupava um novo espaço, um espaço criado e conquistado pelo negro, reafirmando o seu discurso de exclusão.
“Nego língua de matraca, boca de corneta. Nada que é seu se aproveita. Chegando o dia de nego morrer, e se for pro céu, São Pedro faz descer. No purgatório ninguém lhe abre a porta, e no inferno ninguém lhe quer ver...”
Há de se compreender cada vez mais o mal que alguns brancos fizeram aos negros, e também a consciência de que muitos negros se venderam aos brancos e também cometeram atrocidades contra seu próprio povo. Há de se compreender e valorizar cada sorriso branco em pele escura que se vê hoje, e saber que se o samba tem raiz, esta raiz está na senzala e nas cozinhas que ainda hoje ficam ao fundo das casas.
Era lá que a velha negra cozinhava sua esperança e também a de seu povo, temperando esta muitas vezes com lágrimas de sofrimento, mas também com a alegria e a energia de um povo que passou e ainda passa por muitos complicadores, mas resistiu e continua resistindo.
Sambemos hoje na cozinha ou na sala, seja lá qual for a cor de nossa pele, mas quando vir um negro ou uma negra sambando, pare e dê passagem, ali vai toda uma cultura e uma resistência histórica.
Grande abraço e Axé.
Ricardo Barreira
Babalorixá da Aldeia Tupiniquim
ARTIGO PUBLICADO NA COLUNA DE RICARDO BARREIRA NO JORNAL BOM DIA EM 02/12/2011.

IRMANDADE VÍTIMA DE RACISMO



A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, apesar de seu tricentenário, passa por uma intervenção judicial que em 23.1.12 completará nove anos. Isso mesmo; NOVE ANOS. Parece inacreditável, no entanto é a mais pura verdade. E sabem por que ela não termina? Sabem por que não nos devolvem a Irmandade? Porque de acordo com o juiz, o promotor e o interventor não há pessoas capacitadas na Instituição para assumi-la; por isso, toda vez que está para ser batido o martelo a nosso favor; cria-se novo empecilho.
Irmã como sou, conhecedora da capacidade de meus irmãos de fé, como conheço; só posso crer que NOSSA PELE NEGRA E NOSSO CABELO CRESPO é o que nos impede de tomarmos a frente de algo que de FATO E DE DIREITO é NOSSO e isso para mim é RACISMO.
Há 300 anos havia o "tronco" e fundamos a Irmandade. Veio a "libertação dos escravos" que pouco ajudou nosso povo, porém mantivemos a Irmandade. Tiram-nos do Lgo. do Rosário, no entanto; continuamos Irmandade. Tentaram nos tirar do Largo do Paiçandu, mas somos Irmandade. Agora, levaram-nos ao Ministério Público, e este faz tudo para que nos curvemos de vez, entretanto, SOMOS IRMANDADE. Questionam nossa religiosidade, pois acusam-nos de práticas não compatíveis com nossa religiosidade em razão de nossas Missas Afros, desmerecendo nossa Afrodescendência. Se isso não é racismo, o que é?
Batemos em várias portas, sorriem-nos, dizem que vão nos auxiliar e tudo fica na mesma. Nosso atual presidente, Sr. Jean Nascimento; não mede esforços para que nossa Irmandade volte ao seu lugar de destaque, no entanto, somos barrados por nosso INTERVENTOR/FEITOR e seus seguidores. Moramos na Casa, mas não podemos receber ninguém sem antes pedirmos autorização. Isso é ESCRAVIDÃO e como ela "não existe no século 21", é RACISMO.
O irmão Jean Nascimento, nosso atual presidente, na contramão de todos os interesses de nossa intervenção, promove ações sociais, mostra nossa fragilidade na imprensa, recebe estudantes, historiadores, visitantes e divulga nossa história e nossas tradições e NÃO SOMOS CAPAZES?
Aos que conheço e aos que não conheço que receberem esse e-mail, em meu nome, em nome de nosso Presidente e principalmente em nome de nossa IRMANDADE, ajudem-nos a soltarmos "mais essas amarras", centupliquem a nossa voz, pois só assim extirparemos essas ervas daninhas que ainda valorizam as pessoas pela cor da pele que elas teem. Por isso em nossas Missas Afros, cantamos: "VIVA RAÇA/ VIVA NEGRA/NEGRA/NEGRA/NEGRA/ VIVA A RAÇA NEGRAAA..."
Sou Denise Vitoriano R.G. 6.822.592 C.P.F. 692.126.948-53 cidadã NEGRA brasileira - irmã na IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS – São Paulo - S.P.

Diário Oficial do Estado de São Paulo (DOSP) de 28/10/2011

14 DE OUTUBRO DE 2011 - 44ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO
PELOS 300 ANOS DE RESISTÊNCIA DA IRMANDADE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS
( para receber cópia na íntegra faço seu pedido através do e-mail sac@brasilangola.com.br )

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

"JAPONESA" VAI DANÇAR KUDURO NO CARNAVAL CARIOCA


Rainha da Vila Isabel, Sabrina Sato diz que vai dançar o kuduro na Sapucaí


Apresentadora diz que ritmo angolano será uma das surpresas para 2012.Escola da Zona Norte fará uma homenagem a Angola, no carnaval do Rio.

A Marquês de Sapucaí, palco principal dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, já teve de tudo, do ilusionismo a astronauta voador. Para o carnaval de 2012, o público pode esperar por uma variação de ritmos e culturas na Avenida. A modelo e apresentadora Sabrina Sato, rainha de bateria da Unidos de Vila Isabel, promete misturar o kuduro, ritmo angolano, com o samba.A ocasião não poderia ser melhor: a escola de samba da Zona Norte fará uma homenagem ao país africano no próximo ano com o enredo “Você semba lá... que eu sambo cá! O canto livre de Angola”, da carnavalesca Rosa Magalhães. Apesar de manter a coreografia a sete chaves, Sabrina revelou que a sua fantasia também terá outros elementos da cultura angolana.