terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O Brasil e o Continente Africano


Ainda é cedo para analisar, neste seu primeiro ano de mandato, a política externa do governo da Presidente Dilma Rousseff  relacionada  com os países do Continente Africano, mas declarações de diversas autoridades governamentais, principalmente do nosso chanceler Antonio Patriota, não deixa dúvida alguma de que o Brasil prosseguirá na política iniciada com desenvoltura pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que abriu um novo capítulo nas relações brasileiras com estes países em todas as suas vertentes.
As relações ainda que tímida do Brasil com os países do Continente Africano, é bom que não se perca de vista, foi iniciada durante o desencadeamento da Política Externa Independente, no governo efêmero do presidente Jânio Quadros, quando o nosso país, através do então chanceler Afonso Arinos, iniciou uma política de maior aproximação com os países recém independentes do continente e tomou posição em favor do direito à autodeterminação dos povos então colonizados, especialmente nas colônias sob o jugo  colonianista de Portugal,  onde surgiram diversos movimentos armados das populações lutando pela independência dos seus territórios.
Todos os governos da República, desde a renúncia do Presidente Jânio Quadros, procuraram manter quase frias as relações do Brasil com os países do Continente Africano, mas nas relações interatlânticas do mundo criadas pelo governo português, soou como um fato curioso perante a ONU que, exatamente no período governamental do general Ernesto Geisel, militar profundamente anticomunista, o Brasil tenha reconhecido como fatores irreversíveis, a Independência e o  novo governo de Angola, em função do MPLA ter se encaminhado para o campo socialista,  não estando alinhado ao Ocidente como a UNITA e FNLA. Posteriormente, uma análise política mais aprofundada realizada, concluiu que, dentre as alternativas de poder existentes, o MPLA era a mais viável, com mais solidez para administrar a nova Nação. Anteriormente, o governo do Presidente Ernesto Geisel o Brasil já havia reconhecido a Independência e os novos governos constituídos em Moçambique, Cabo Verde e Guiné Bissau.
Do governo Ernesto Geisel e passando por outros períodos governamentais até se chegar ao inicio do governo instituído a partir de 2003, houve muitas manifestações oficiosas durante um bom tempo, através de alguns senhores de “punho rendado” do Itamaraty de preconceito, discriminação racial contra diplomacia africana no Brasil e desapreço do nosso governo por uma política diplomática mais próxima com os países do Continente Africano. Contra a existência daquela situação, nossos irmãos diplomatas de países africanos acreditados junto ao governo brasileiro, se posicionaram contra o estado de coisas então existentes, cuja preocupação levaram ao saudoso presidente da Câmara de Comércio Afro-Brasileira e ex-deputado federal Adalberto Camargo, que durante o exercício de um dos seus quatro mandatos consecutivos como representante paulista na Câmara dos Deputados, criou e foi presidente da Sub-Comissão de Relações Exteriores, por ele instituída a duras penas na naquela Casa do Congresso Nacional, tendo na época em um dos meus escritos destacado:> O constrangimento e a decepção dos diplomatas africanos acreditados junto ao governo brasileiro, em relação a política preconceituosa e desrespeitosa adotada pelo Itamaraty com o Continente Negro, deixou de ser objeto de comentários restritos a reuniões sociais ou alguns setores da Casa de Rio Branco, para ganhar as páginas dos jornais com as manifestações contundentes do ex-Embaixador da República Federal da Nigéria, Patrick Dele Cole, do atual embaixador da República de Gana, Michael Charles Kwani Hamenoo e do atual embaixador da República do Cameroun, Martin Mbarga Nguele, que de forma clara e de modo a não deixar qualquer dúvida, expuseram seus pensamentos sobre a displicência e a latente falta de respeito da diplomacia brasileira, em relação aos diplomatas dos países da África. As manifestações encontraram eco junto ao Itamaraty e desde aquela época o governo brasileiro, gradativamente passou a mudar radicalmente a sua política externa em relação ao Continente Africano, dando maior dimensão e atenção aos problemas comuns de países terceiro-mundistas, realçadas com vigor e muita vontade política pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Somente a imbecilidade ou a maldade política fará com que o ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não entre para a história como a maior autoridade brasileira, que deu visibilidade política e administrativa para a comunidade negra e procurou desenvolver durante seu período governamental um trabalho de efetivo incremento das relações do Brasil com o Continente Africano, por onde circulou em 37 países e faço esta observação, desprendido de qualquer obrigação, favor e ou sentimento político ou partidário, conforme ressaltei durante minha participação em Audiência Pública sobre Preconceito e Discriminações Raciais realizada pela Comissão de Relações Exteriores e Cidadania da Câmara dos Deputados no dia 11 de agosto de 2009.
A presidente Dilma Rousseff, fez seu primeiro périplo por países do Continente Africano em outubro do ano passado, visitando a África do Sul, lá se reunindo com o presidente Jacob Zuma, Moçambique e Angola, onde foi reafirmar o estreitamento e a cooperação brasileira com o continente e também com a Índia. Na pátria de Nelson Mandela participou em Pretória da 5ª Cúpula do Ibas – grupo que reúne Índia, Brasil e África do Sul. O noticiário e as imagens sobre a presença da Presidente Dilma em países africanos, acompanhei através da imprensa televisada e escrita da cidade africana de Harare, capital da República do Zimbabwe, por onde me encontrava em viagem.

2 comentários:

  1. Olá,O texto retrata bem, a mais pura realidade entre Brasil x Continentes Africanos.É necessário estreitar o laço.Parabéns pelo belo texto! Sou neta do Michael Charles Kwani Hamenoo

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    1. Obrigado pela sua atenção, e fique a vontade para mandar textos e links que achar oportunos, veja também nosso site (www.brasilangola.com.br) e leia a revista impressa, e só mandar seus dados pelo fale conosco do site

      Obrigado

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