terça-feira, 3 de julho de 2012


CRENJA                                                                       CENTRO DE RESISTÊNCIA NEGRA JAGAS ANGOLA
União, Solidariedade, Saber e Luta!

E A MÁSCARA ESTÁ CAINDO...
Estava eu pesquisando no Google. É que ao que parece, novamente, o branco esta querendo ficar na miguelagem, assim como os teus costumeiros “neguinhos” de bolso de colete. Aquela safra de sempre, a já manjada, como diz o radialista Moisés da Rocha: “militantes profissionais”. Há dois anos e meio que venho anunciando o projeto Phoenix, o Memorial da Escravatura Negra nas Américas. O que vem a ser a Phoenix eu crê não ser preciso dizer, e nem tão quanto o significado do projeto. Claro que não quero, novamente, superestimar o Q.I. do negro brasileiro, mas a história da fênix creio que todo mundo saiba, quanto à história do próprio negro eu tenho a certeza de que não sabem, pois, porquanto, não agiria da maneira com que age. No entanto eu tenho a certeza de que todos já ouviram inúmeras vezes o branco dizer que já não há mais negros no Brasil, que a miscigenação acabou com todos. Não obstante isso não impede que alguns mulatos tomem conta do que eles dizem chamar movimento negro e que não permitam que pretos nem sequer freqüentes ao mesmo... Mas como o Brasil é o país da contradição eu creio que compreendo. Contradição é eufemismo meu, pois o Zé Trindade, um cômico brasileiro da década de 50, em seus filmes da antiga chanchada – pornochanchada veio depois -, dizia debochadamente em um de seus bordões: “Ah, ah, ah, isso aqui é Brasil, terra de sacanagem”, e isso varria as ruas parafraseadas. E enquanto espero atitudes a respeito continuo pesquisando.
E numa de minhas pesquisas deparei-me com o projeto a Rota dos Escravos, da UNESCO. Eu já conhecia o projeto, inclusive já havia assistido a um vídeo produzido pelo programa Domingo Espetacular, da Record, com o professor Simão Souindoula, que é o vice-presidente do mesmo, em Angola. Mas agora descobri uma publicação a respeito, que me apressei em gravar no meu HD, e também enviei para alguns amigos que de certa forma estão envolvidos com o meu projeto. E não foi com surpresa que recebi uma resposta escandalizada de uma delas. E de minha amiga, e militante, Elenice Semini.
Ela parecia perplexa. De início agradeceu-me o envio dos documentos, o que por sua vez deixou-me igualmente perplexo afinal, ela é jornalista e porquanto muito bem informada, e me disse desconhecer aquela publicação. O que significa que não ouve divulgação a respeito, senão ela saberia. É que em suas pesquisas ela descobriu que no Brasil também há uma sede do referido comitê, no Rio de Janeiro, e que este é presidido por um branco, de nome Milton Guran. Que ele é antropólogo e formado em colégio militar. Até aí tudo bem. Aqui no Brasil isso é “normal” e nenhuma novidade. Não é de costume se usar negros em posições de destaques, nem mesmo na cultura negra. Aí, e somente aí, a democracia racial prevalece, para beneficiar o branco, é claro. Aliás, o Abdias do Nascimento já reclamava disso no FESTAC[1] de 1977, quando o Brasil teve que andar uma comitiva para a Nigéria, por ser o segundo país de maior população negra do Planeta – o primeiro é a própria Nigéria. Só que a comitiva era toda branca, o que fez o Senhor Abdias ficar contrariado – isso por que ele era educado, pois eu teria ficado puto mesmo -, e se apresentou como o real e autêntico representante do negro brasileiro. Porém em vão, a Nigéria não se predispôs a peitar uma demanda diplomática com o governo brasileiro da época, também militar. Como disse, isso é praxe por aqui. E o negro brasileiro concorda em número, gênero e grau. É que a abolição da escravatura só aboliu-o, na prática, somente de trabalhar, trocado pela ociosidade imposta, e não para pensar. Isso por aqui ainda é coisa de branco. E não livra a cara nem mesmo dos “intelectuais” negros. Que só podem mesmo é ficar sonhando com dinheiro, pois ganha-lo mesmo que é bom...
Mas voltando ao projeto. A Elenice fez algumas observações que são dignas de nota. Questiona ela por que o governo brasileiro não divulga a existência desse comitê aqui no Brasil. Será por que não pretende a participação do negro brasileiro no mesmo? Que bobagem! Claro que não, para eles, os brancos, nós negros aqui no Brasil já nem mais existimos. E foi num processo “democrático”, através da miscigenação, que por sua vez “não foi” imposta. Pelo menos é o que dizem. E o que diz o tal movimento negro? Ah, esse não diz nada. Afinal, ainda nem sequer existe! Quando existir por certo falará a respeito.
E aí fazemos uma volta de 360º. Voltamos à nossa preocupação de o porquê queremos um memorial sobre a escravidão. Até por que é crime se privar um povo de sua própria história. Pelo menos está previsto e tipificado na lei. E afora isso ainda temos a preocupação branca de nos manter obrigatoriamente na ignorância, pois isso facilita os teus planos genocidas. Tudo assim tão simples e a “sutileza” da democracia racial vão por água abaixo. Mas eles insistem. A maioria foi mantida no analfabetismo, e os poucos que sabem ler e escrever passa para o seu lado, forçosamente ou não. Dizem ser a luta pela sobrevivência, pessoal, claro.
Nós, da Resistência, entendemos que com o conhecimento da própria história o negro brasileiro resistiria mais e melhor aos achincalhes aos quais está exposto – morrer todo mundo morre... Ah, a média de vida do brasileiro subiu para 73 anos. Será que terei mais 10 anos então, ah, ah, há... Pelo menos conhecedor da própria história, nós cremos que sua autoestima subiria, e quem sabe também isso ajudaria a lutar por seus próprios valores e direitos? Mas o branco não quer. E quem foi que disse que ele manda em alguma coisa? Bem, pelo menos ele pensa que sim. Vamos ver depois desta crise... Isso for se sobrar alguém. Ora Neninho! Deixe de fatalismo. Bem, Marx avisou ainda em 1848, se ele foi um mau economista! Agora, estrategista ele foi péssimo, não acertou em nada, o socialismo acabou bem antes do capitalismo. Creio que nem sequer decolou. Pelo menos ainda não. Também, os caras vão se meter com o tal de Mensalão! São coisas da vida. Do branco também claro, porque nós não temos ainda nem sequer mensalinho. É só arrumar um troco para entrar em cana, mesmo que só por suspeita. Ah, como estou sarcástico!

[1] Festival Africano de Cultura.


Mas o pior veio depois, ao ler o artigo que acompanhou o e-mail. Terei que grafar todo o texto. É um primor de desfaçatez:
Milton Guran (1948) é um antropólogo e fotógrafo brasileiro. Nascido no bairro carioca da Tijuca, estudou no Colégio Militar e cursou Direito na UFRJ, de onde ...

Unesco vai listar 100 lugares mais significativos da memória da escravidão no Brasil 24/04/2012 às 06h55
A relação dos 100 locais mais significativos da memória do tráfico negreiro e da história dos africanos escravizados no Brasil será apresentada na próxima quarta-feira (25), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, durante a quarta edição do Festival Internacional do Filme de Pesquisa sobre História e Memória da Escravidão Moderna.
Elaborada com base em uma pesquisa iniciada no ano passado, a lista é uma iniciativa do projeto Rota do Escravo: Resistência, Herança e Liberdade, criado em 1994 pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Com uma programação de oito filmes, o festival é uma mostra itinerante realizada anualmente em mais de dez cidades, de três continentes. O evento é organizado por uma rede internacional de pesquisa, da qual fazem parte as universidades de York e Laval, do Canadá, a École de Hautes Études em Sciences Sociales e o Centre National de la Recherche Scientifique, da França, e o Laboratório de História Oral e Imagem, da Universidade Federal Fluminense (UFF), do Brasil.
Um dos destaques da mostra, que tem curadoria das historiadoras Hebe Mattos e Martha Abreu, é o filme Os Escravos de Ontem, Democracia e Etnicidade no Benin, ganhador do prêmio do júri da edição festival realizada no ano passado no Museu do Quai Branly, em Paris. Também será lançada a caixa de DVDs Passados Presentes, com quatro filmes de pesquisa realizados com descendentes de escravizados das antigas áreas cafeeiras do Vale do Paraíba, no sul fluminense.
Convidado do evento, o fotógrafo e antropólogo Milton Guran, representante brasileiro no Comitê Científico do projeto Rota do Escravo, fará a apresentação dos locais de memória, escolhidos pelo laboratório da UFF a partir de contribuições não só de acadêmicos, mas também de representantes da sociedade civil vinculados às diversas manifestações da cultura afrobrasileira.
“São os portos de desembarque, os mercados de escravos, as irmandades fundadas por africanos no Brasil, que tiveram um papel fundamental no diálogo da massa escravizada com o poder político da época e na busca pela compra da liberdade, os quilombos e algumas manifestações culturais que foram efetivamente fundadas por africanos depois de chegarem ao Brasil”, explica Guran.
“Não se trata de toda a cultura afrobrasileira, mas daqueles lugares que marcam a ação do tráfico e as estratégias iniciais daqueles africanos que chegaram ao Brasil”, esclarece o antropólogo.
De acordo com Guran, a intenção do projeto é que os lugares de memória sejam reconhecidos pelos seus respectivos municípios, com pelo menos uma placa sinalizando o local[1]. “Nós consideramos como o mais emblemático lugar de memória do tráfico no Brasil e nas Américas o Cais do Valongo, na zona portuária do Rio. Lá, funcionou o maior porto de entrada de escravos africanos das Américas”, destaca.
Para o antropólogo, as obras de revitalização da zona portuária carioca, o chamado Porto Maravilha, vão proporcionar, pela primeira vez na história, a devida proteção aos locais de memória da escravidão. “O sítio arqueológico do Cais do Valongo vai ficar, após a conclusão das obras, no meio de um grande monumento em homenagem aos afrodescendentes do Brasil”.
Milton Guran espera que os locais da Rota do Escravo sirvam de estímulo para o turismo de memória.
“A Unesco identificou, a nível planetário, um movimento importante, por parte dos afrodescendentes, de buscar as referências. E isto tende a aumentar, na medida em que hoje temos uma classe média de descendência africana bastante significativa. No Brasil nem tanto, mas nos Estados Unidos, onde as políticas afirmativas já existem há décadas, muitos afroamericanos preferem conhecer um lugar ligado à sua origem do que visitar Florença, Veneza ou Paris”, afirma.
Fonte: Agência Brasil
Pessoalmente eu chamo atenção ao detalhe de que “uma placa apenas basta”. Não é desfaçatez. “Claro que não”, dirão os simplórios negros brasileiros. É que já estamos até mesmo mau acostumados com isso. Para o negro brasileiro qualquer coisa basta. Vide o ocorrido com o tal Estatuto da Igualdade Racial. Ah! Uma placa tá bom demais! Se desse tempo será que o negro brasileiro iria acordar? Eu creio que não, pois pelo que me parece ele está é mesmo morto já faz tempo! Os tais mortos-vivos que os brancos dizem chamar “zumbis”. Daí a “consciência negra”. Iô, iô, iô...
São Paulo, 01 de julho de 2012.
Ogã Neninho de Obálúwayié
Coordenador do CRENJA


[1] Grifo meu.


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