ANGOLA 37 ANOS DE INDEPENDÊNCIA
Luanda – Os angolanos festejaram,
ontem (11) o trigésimo sétimo aniversário da sua independência, proclamada a 11
de Novembro de 1975, após 14 anos de luta armada contra colonialismo português.
Foi precisamente às 00 horas do
dia 11 de Novembro que o então presidente do Movimento Popular de Libertação de
Angola (MPLA) e Chefe de Estado da jovem República, António Agostinho Neto,
proclamou a Independência do país.
“Em nome do Povo angolano, o
Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) proclama,
solenemente, perante a África e o Mundo, a Independência de Angola”, anunciou o
primeiro presidente de Angola.
Segundo Agostinho Neto,
“correspondendo aos anseios mais sentidos do Povo, o MPLA declara o nosso país
constituído em República Popular de Angola”.
“Mais uma vez deixamos aqui
expresso que a nossa luta não foi nem nunca será contra o povo português. Pelo
contrário, a partir de agora, poderemos cimentar ligações fraternas entre dois
povos que têm em comum laços históricos, linguísticos e mesmo objectivo: a
liberdade”, esclareceu.
A independência, proclamada na
então Praça 1º de Maio e presenciada por milhares de angolanos, foi alcançada
fruto de uma luta armada iniciada em 1961, depois de, em 1956, algumas
formações políticas de intelectuais angolanos se terem unido num movimento de
libertação, que viria a se chamar MPLA.
Naqueles anos, da década 50, foi
proclamado um manifesto, cujo objectivo essencial definia que Angola não
conseguiria se libertar do colonialismo sem luta, dada a intransigência da potência
colonizadora.
Na década de 60, nomeadamente a
4 de Fevereiro de 1961, eclodiu a guerra de libertação, marcada com assaltos às
principais cadeias de Luanda, onde alguns dirigentes nacionalistas se
encontravam encarcerados.
A partir dessa data, o povo angolano
encetou uma guerra contra as autoridades coloniais portuguesas, através de
guerrilhas, devido ao seu fraco poder bélico.
Com o desenvolvimento do
processo, e devido à ajuda internacional às forças nacionalistas angolanas, a
guerra pela Independência nacional alastrou-se a todo território, dando início
a um conflito que duraria mais de uma década.
Com os acontecimentos ocorridos
em Portugal, a 25 de Abril de 1974, em grande parte influenciados pelas lutas
de libertação desencadeadas em todas ex-colónias portuguesas, assistiu-se à
derrocada do sistema colonial português.
Os conflitos ocorridos entre os
autóctones e os colonialistas deram origem ao êxodo dos colonos, quer para
Portugal, quer para outros países.
A 10 de Janeiro de 1975 teve
início em Alvor, Algarve (Portugal), uma cimeira em que participou o Governo
português e representantes de três movimentos angolanos de libertação (MPLA,
FNLA e Unita).
A 15 do mesmo mês foram
assinados os Acordos de Alvor, que estipulavam o processo da Independência, marcada
para 11 de Novembro de 1975, e a constituição de um Governo de transição,
composto por representantes dos três movimentos de libertação.
A 28 de Janeiro, o general
português Silva Cardoso foi incumbido de exercer as funções de Alto-Comissário
para Angola e, simultaneamente o representante da República Portuguesa em
Angola.
No dia 31 de Janeiro de 1975 foi
empossado o Governo de Transição, mas a situação agudizou-se devido às
rivalidades existentes entre os movimentos de libertação até que, a 2 de Agosto
de 1975, o general Silva Cardoso abandonou o país, tornando-se num fracasso os
Acordos de Alvor.
Com o abandono de Silva Cardoso,
Angola entrou num estado aberto de confrontação, o êxodo dos colonos tornou-se
cada vez mais acentuado, deixando o país a braços com graves problemas,
nomeadamente a falta de quadros técnicos e médios.
Foi neste ambiente de guerra
que, a 11 de Novembro, Agostinho Neto, fundador da Nação e primeiro Presidente
de Angola (já falecido) proclamou a Independência da República Popular de
Angola.
Em Setembro de 1979, no dia 10,
Agostinho Neto morre por doença em Moscovo, e é substituído no cargo por José
Eduardo dos Santos que, em finais de 1990, à semelhança de outros países,
adopta o sistema multipartidário, que culminou com as primeiras eleições
democráticas, em 1992, ganhas por maioria absoluta pelo MPLA.
A Unita, signatária dos acordos
de Bicesse com o Governo, documento que deu origem às eleições, rejeitou os
resultados e reiniciou a guerra.
Seguiram-se várias tentativas de
se parar a guerra, até que, em 20 de Novembro de 1994, se assinou, após um ano
de negociações, o Protocolo de Lusaka, na capital zambiana, igualmente violado
pelo mesmo partido.
A guerra prosseguiu até que, no
dia 4 de Abril de 2002, após vários anos de negociações, foi assinado o
Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka, entre o Governo
e a Unita, marcando o fim de um longo período de guerra.
A cerimónia foi assistida pelo
actual Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, dirigentes e
quadros do MPLA e por representantes das comunidades nacional e internacional.
A data constitui, igualmente,
uma das maiores conquistas do povo angolano após a Independência Nacional.
“A bandeira que hoje flutua é o
símbolo da liberdade, fruto do sangue, do ardor e das lágrimas, e do abnegado
amor do povo angolano”, disse Agostinho Neto aquando da proclamação da
Independência de Angola.
O acto
central das comemorações do 37º aniversário da independência realiza-se na
província do Namibe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário