quinta-feira, 11 de abril de 2013


Angola abriga 14% das franquias brasileiras que estão no exterior
O país africano atrai pequenas empresas pelo crescimento econômico e proximidade cultural
Enquanto as atenções no mundo dos negócios têm se voltado para o Brasil, há micro e pequenos empresários que planejam expansão fora da fronteira nacional por meio de franquias, redes conhecidas e consolidadas no Brasil. E um destino bastante atrativo para essas marcas é Angola, um dos países mais desenvolvidos do continente africano que também tem o português como seu primeiro idioma.

Enquanto as atenções no mundo dos negócios têm se voltado para o Brasil, há micro e pequenos empresários que planejam expansão fora da fronteira nacional por meio de franquias, redes conhecidas e consolidadas no Brasil. E um destino bastante atrativo para essas marcas é Angola, um dos países mais desenvolvidos do continente africano que também tem o português como seu primeiro idioma.

Porta de entrada para o segundo maior continente do mundo, Angola tem uma população de 19,6 milhões de pessoas e um PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 104,6 bilhões em 2011 – crescimento de 3,4% ante 2010 (o acumulado de 2012 ainda não foi fechado).

Todo esse cenário tem atraído as franquias brasileiras, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising). Hoje, há 110 franquias brasileiras no exterior, 15 delas em Angola — o maior número desde que o levantamento da associação foi realizado pela primeira vez, há cinco anos. E a perspectiva é que novas franquias cheguem a esse país ainda em 2013.

Esse é o caso da Supersan, rede brasileira de controle microbiológico, que abriu sua primeira unidade no exterior em Angola no início deste ano, a partir de um investimento inicial de R$ 600 mil.

De acordo com Daniel Gamez, diretor de expansão da empresa, a rede realizou um estudo antes de optar pela Angola. Foram analisados a proximidade cultural com o Brasil, o potencial de crescimento do país e a capacidade de desenvolvimento imobiliário da região. Um angolano foi escolhido como franqueado para facilitar a adaptação ao país.

"A questão cultural não foi empecilho, sentimos uma sinergia muito boa com o país. O desafio está nas questões burocráticas. As leis são bem diferentes das do Brasil", afirma Gamez.

Franqueado da Supersan angolana, Osvaldo Nelson Rasgado, de 41 anos, decidiu apostar em uma franquia brasileira pela maturidade econômica do Brasil. "Angola tem uma elevada carência no setor de serviços", justifica Rasgado.

Antes de optar pela Supersan, o pequeno empresário afirma ter pesquisado franquias brasileiras de outros segmentos. A adaptação ao mercado angolano, afirma, ainda está em processo. "Estamos em fase de adaptação e, mediante a inserção dos serviços em Angola, poderemos ter uma visão mais realista que nos permita, se possível, sugerir alguns ajustes do modelo à matriz".

A rede de idiomas Fisk tem uma operação mais antiga no país. A franquia chegou à Angola há cinco anos e pretende abrir outra unidade no país ainda este ano. O franqueado, segundo Christian Ambros, diretor da Fundação Fisk, é brasileiro e já operava no Brasil. A experiência, acrescenta, foi fundamental para o sucesso da unidade no continente africano. "Ele identificou que a economia de Angola estava em plena ascensão viu que o idioma é o mesmo e que não precisaria mudar o material didático", explica Ambros.

Apesar de os cursos oferecidos no Fisk angolano serem os mesmos comercializados no Brasil, em inglês e espanhol, foram necessárias adaptações burocráticas para a unidade dar certo fora do território brasileiro. "Lá, por exemplo, há outro código de defesa do consumidor", exemplifica.

Com a nova unidade em Angola, a rede Fisk espera obter um crescimento de 10% no faturamento esse ano, ante 2012. Atualmente, a rede opera em 5.300 municípios e conta com 1.008 unidades, distribuídas por países como Brasil, Angola, Japão e Chile.

Uma das principais franquias do Brasil, O Boticário está em Angola desde 2006. Lá, acumula cinco unidades. A escolha do país, segundo Nicolas Borrero Pabon, gerente comercial internacional da rede, se deve ao grande potencial de mercado da Angola. "Esse país passa por um aumento da capacidade produtiva pós-guerra civil e de reconstrução do varejo. Estamos atentos a essa oportunidade e investindo para aproveitar esse crescimento", analisa o gerente.

Para Pabon, a grande particularidade do continente africano está na heterogeneidade dos países. Essa peculiaridade, contudo, exige atenção dos franqueados, ressalta o gerente: "Para investir na África, é preciso estar atento a essas diferenças. Vale observar, ainda, que, apesar do grande potencial desse mercado, o risco do investimento na África ainda é elevado, assim como na maioria dos mercados emergentes".

De volta à minha terra 

A franquia Mister Sheik, de comida árabe, tentou se aventurar em Angola em 2005, mas não teve sucesso. De acordo com informações da empresa, o país tem regras muito rígidas e diferentes das brasileiras, fatores que dificultaram a permanência da marca naquele local.

Segundo André Friedheim, diretor internacional da ABF, antes de abrir uma unidade no exterior, o franqueado precisa ter experiência com franquias no Brasil e encontrar um bom parceiro internacional, seja um master franqueado, que detém os direitos da marca, ou uma empresa ou grupo.

"Entrar sozinho em um país com regras totalmente diferentes é bastante complicado e arriscado para o pequeno empresário", alerta Friedheim, que também é sócio-diretor da consultoria Francap

Na avaliação de Pedro Lucas de Resende Melo, doutor em negócios internacionais pela Universidade de São Paulo (USP) e editor do livro "Franquias Brasileiras" (Ed. Cengage), casos de encerramento das operações no exterior são decorrentes tanto de limitações no planejamento antes de iniciar as operações no exterior, quanto de falta de contatos profissionais no exterior.

"Um exemplo de como conseguir fortalecer essa rede de relacionamento internacional pode ser feito por meio do suporte governamental da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), que possui linhas para o desenvolvimento das franquias no exterior", aconselha o especialista.

Algumas dicas para internacionalizar seu negócio:

Planeje financeiramente a ida ao exterior.

Conheça o mercado local, hábitos de consumo e peculiaridades.

Busque um bom parceiro ou master franqueado.

Tenha experiência com franquia no Brasil.

Procure órgãos ou entidades que auxiliem a expansão ao exterior.

Estude a legislação do país onde pretende abrir seu negócio.

Mantenha reserva financeira para imprevistos.

Fonte: Marcus Rizzo, sócio da consultoria Rizzo Franchise - ig.com


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