segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

S O N H O DE UM S O N H O



“Sonhei// Que estava sonhando um sonho sonhado // O sonho de um sonho Magnetizado // As mentes abertas // Sem bicos calados // Juventude alerta // Os seres alados // Sonho meu // Eu sonhava que sonhava // Sonhei (...) “
Martinho José Ferreira, o da Vila
Por - Antonio Lucio

Muito mais, muito mais mesmo, que uma simples mudança de nome ou a transposição de um cargo político para um cargo administrativo, a sugestão do ex-presidente Lula para a que presidente Dilma Roussef nomeie o senador Paulo Paim (PT/RS) para ocupar a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, com status de Ministério, feita na semana passada em São Paulo, quando discutiram os detalhes da reforma no primeiro escalão, o assunto vai muito além da euforia da comunidade negra por um possível aproveitamento do político gaúcho no cargo atualmente ocupado pela desprestigiada e arrogante militante política petista negra Luiza Bairros.
Paulo Paim, em sua trajetória política sempre alimentou o sonho de que um dia, neste país “rico”, mas ainda com muita miséria, a classe trabalhadora, os aposentados e pensionistas possam ter seus direitos reconhecidos e ou ampliados para poder desfrutar dias melhores ao lado de seus familiares. O sonho sonhado continua e alguns políticos querem, porque querem, que sua batalha tenha um freio e não consiga obter resultados positivos para a luta que sempre encetou como sindicalista, deputado federal ou senador, pois sempre foi motivo de dor de cabeça para o Planalto ao defender no passado reajustes maiores para o salário mínimo e para o benefício dos aposentados.
A movimentação política parlamentar de Paulo Paim no Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado, como integrante das duas casas, sempre interessou a uma grande parcela da população brasileira e a presença do seu nome nos mais diversos rincões do país, preocupa de uma maneira geral a classe política que não vê com nos olhares os apoios que o político gaúcho recebe nos mais diversos locais por onde circula, ainda que partiicularmente ele não gosta e não quer ser tratado como “estrela” no universo político brasileiro, mas o nobre parlamentar não pode impedir que cada um que visualize sua imagem ou lhe aperte a mão, sem puxasaquismo ou sem demagogia, tenha um sonho sonhado de ver um novo horizonte para o reconhecimento dos seus direitos como brasileira ou brasileiro.
Em cada ano político por excelência, de realização de eleições majoritárias e ou proporcionais, o brasileiro tem o sonho de ver realmente concretizado a defesa dos seus interesses debatidos durante as campanhas eleitorais por alguns candidatos, mas passada a realização do pleitos com a posse dos eleitos observam no dia a dia que seu sonho vai se esvaindo nos desvãos da política brasileira, mas continua sonhando.
No canto das minhas atividades, no ano de 2009, recebo convite para comemorar na capital gaúcha a passagem de mais um aniversário de Paulo Paim e de caso e atitudes bem pensadas após a publicação pela revista ÉPOCA de uma matéria sobre uma possível pré-candidatura do político gaucho à Presidência da República, embarco para Porto Alegre em 22 de março de 2009, de coração aberto e com pensamento voltado para o texto inserido na revista semanal, levando comigo alguns rascunhos do que poderia ser o início de uma campanha do parlamentar como pré-candidato a cadeira número 1 do Palácio do Planalto, assim como, formulários de uma pesquisa por mim elaborado sobre qual seria o melhor nome de políticos petistas naquele momento, que poderiam ser indicados para disputar o pleito eleitoral de 2010.
Desembarco em Porto Alegre para participar das comemorações do aniversário do senador Paulo Paim, com um “botton” colocado no meu paletó alusivo a surpresa que pretendia fazer a ele, para engrossar seu nome como um possível candidato a Presidente da República nas eleições de 2010, quando na saída da aeronave sou olhado atentamente por uma senhora que não tirava os olhos do botton e na chegada à sala de desembarque me aborda:> Moço, qual é a sua religião? pergunto o porque da interrogação e ela continua:> Duas coisas me chamaram a atenção ainda dentro do avião, sua pulseirinha no braço esquerdo e este botton no seu paletó. Agradeço a observação e respondo:> a minha religiosidade é o Culto Africano, ela me olha atentamente e continua:> Sem me aprofundar eu respeito todas as religiões, mas quanto ao botton quero dizer ao senhor que este moço que está nele poderá ser a opção do presidente Lula para ser o candidato a Presidente da República. Daqui até lá, muita coisa vai acontecer e se o senhor der um botton para mim, vou agradecer muito, tirei do bolso um exemplar e a condecorei, lembrando-me na despedia:> lembre sempre o que lhe falei.
Encontrei no saguão do Aeroporto Salgado Filho com o Gilberto Silveira e o Ivan Braz, militantes políticos negros que me recepcionaram para levar até o local do recinto onde foi realizada a magnífica festa em homenagem pela passagem do aniversário do destemido e lutador parlamentar gaúcho, o senador Paulo Paim, com uma presença maciça de gaúchos que lotou o Galpão Criolo. Cumprimentei meu irmão de raça, revi amigos como os membros da família do jurista negro Ernani Machado, conheci novas pessoas naquela multidão que lá estava, mas passei o dia remoendo o inesperado encontro com a curiosa passageira que de Porto Alegre ainda seguiria para Curitiba, observando as manifestações de apoio a luta de Paulo Paim através de diversas faixas de entidades representativas da sociedade civil, os discursos de políticos, destacando-se o senador piauiense “Mão Santa” e quando no recinto do evento condecorei o filho de Canoas com o botton alusivo a sua possível pré-candidatura a Presidência da República e lhe entreguei os cartazes alusivos ao mesmo fato, ele se emocionou, verteu algumas lágrimas e emocionado me agradeceu dizendo:> Você veio de São Paulo para mexer com o meu coração, muito obrigado pela deferência. Não vou esquecer, e saiu de mesa em mesa cumprimentando os comensais participantes do almoço supimpa que lá foram prestigiá-lo.
A noite, saindo do recinto do evento para o aeroporto da capital gaúcha, ao me despedir de Paulo Paim, tive vontade de reportar a fala da passageira do vôo de chegada a Porto Alegre e desde o meu embarque para o retorno a Sampa, vim remoendo suas palavras e antes do desembarque em Cumbica, um pensamento se fez presente, me levando de volta ao passado:> Será a mesma premonição sobre Tancredo Neves, por mim realizada em julho e agosto de 1984, quando escrevi alguns textos enfatizando que o político mineiro iria ganhar a primeira eleição direta para Presidente da República depois de 20 anos de regime militar, mas não tomaria posse. Estremeci, deixando o pensamento premonitório de lado e rumei para o meu merecido descanso após o bate e volta São Paulo/Porto Alegre/São Paulo, no mesmo dia.
De olho no pleito sucessório de 2014, o ex-presidente da República traçou uma estratégia para a sua volta para o Palácio do Planalto e quer porque quer, que o político gaúcho não seja uma pedra no caminho de quem disputar o embate daquele ano em nome do partido criado nas lutas sérias de Vila Euclides, pois não esquece que um ano antes da decisão de se escolher a atual mandatária da Nação como candidata, pois Paulo Paim, que na sua trajetória política sempre alimentou o sonho de que um dia, neste país “rico”, mas ainda com muita miséria, a classe trabalhadora, os aposentados e pensionistas possam ter seus direitos reconhecidos e ou ampliados, peregrinou pelo Brasil afora para disputar como pré-candidato o direito de ser candidato petista à Presidência da República, recebeu apoio os mais variados de segmentos da sociedade civil e assustou os mentores da campanha sucessória de 2010. Paim, afastado do mandato parlamentar para ocupar um cargo no Executivo, sofreria o desgaste popular natural que a atual SEPPIR oferece aos seus ocupantes e ficaria praticamente impedido de uma possível prévia partidária para a indicação do nome que será ungido para a disputa eleitoral sucessória de 2014, sem contar com o repúdio da comunidade negra brasileira, que nos dias atuais não tem um político negro respeitável e respeitado no cenário político nacional.

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